terça-feira, 26 de outubro de 2010

Por que invejas?

Por que invejas?



Tens na vida a oportunidade para as escolhas sensatas. Se, no entanto, direcionas a tua caminhada para os sombrios atalhos da existência, receberás em troca aquilo que mereceres.

Se o teu vizinho desfruta do conforto que tu não tens, não o inveje, mas reconhece o seu mérito e o seu empenho na conquista.

Se invejas o teu irmão pelo fato dele atrair o afeto de tua mãe, reflete a respeito desta sintonia. Nada é por acaso!

Por que invejas, se a vida é um livre caminho para o crescimento?

Por que alimentas a inveja que corrói, se podes gerar o amor que constrói e glorifica?

Desperta para a energia do bem que humaniza e harmoniza as relações, e transforma a tua prova em um fardo menos pesado de carregar...

Porém, se insistes na inveja, no ciúme e na cobiça, não reclames, depois, quando a infelicidade bater à tua porta.

Pacifica o teu espírito! Nunca é tarde para a mudança interior quando a vontade torna-se uma força consciente, e a perseverança, uma fortaleza.

Lembra-te que por trás da energia que alimenta a inveja, crimes bárbaros foram cometidos. Genocídios mancharam de sangue a história da humanidade. Traições geraram vingança e o ódio reinou absoluto em tempos de trevas.

Não queira ser um herdeiro das sombras, mas um guerreiro da luz. Ilumina o teu próprio caminho com a energia do bem que encontra-se em ti mesmo.

O terceiro milênio está aí. Sinta a sua energia a iluminar as descobertas, as invenções. A intuir o homem que é chegado o momento da decisão: transformar-se gradualmente ou permanecer em seu mundo egoísta e limitado.

Tu decides! A fase de transição já acontece. Os mensageiros do Alto alertam que deves levar a sério esta mudança, pois ela acompanha um ciclo natural programado para a vibração do teu planeta.

Meu irmão, irradica de ti a energia da inveja e retoma o caminho do crescimento que deixaste para trás. O resto, confia, que a luz te orientará pelo milênio das transformações.

Recebido em 11 de outubro de 2010.

sábado, 25 de setembro de 2010

A difícil arte de ser justo!

A difícil arte de ser justo!

O dito popular informa "que o bom julgador por si julga o outro". Verdade que se encontra inserida no profundo significado desta frase, que revela o quanto projetamos no outrem aquilo que temos em nós mesmos ainda não resolvido.

Na cultura dos povos antigos, era comum o julgamento sumário seguido de condenação e execução pública. A Bíblia registra o caso de Maria Madalena, que por ser acusada de adultério, estava sendo apedrejada por populares quando chegou Jesus Cristo e indagou à multidão inquieta: "Quem for puro que atire a primeira pedra". Em seguida, o registro bíblico informa que ninguém mais arremessou uma única pedra contra a mulher considerada "impura" pelos seus executores...

O julgamento, após o trágico evento da Inquisição que vitimou milhares de inocentes e que manchou de sangue a Idade Média, tornou-se mais aprimorado a partir de sua estrutura baseada no senso de justiça nas condenações.

No entanto, mesmo nos dias atuais de um planeta globalizado pelo avanço tecnológico, nos deparamos com situações que nos chocam pelo primitivismo cultural, que são casos que envolvem mulheres em distintos lugares do mundo: uma no Afeganistão que foi condenada e sumariamente executada pelo fato de ser viúva e estar grávida, e a outra no Irã, ameaçada de ser executada por ter cometido adultério.

O fanatismo religioso - que ainda existe, inclusive no Ocidente - é uma sintonia obsessiva que "cega" como cegava há milhares ou centenas de anos atrás. Se a moral que pregam os fanáticos religiosos fosse praticada por eles próprios desde a Antiguidade, a chaga da violência, do ódio, do orgulho e do egoísmo já teria "cicatrizado" e viveríamos tempos de amor e paz.

Na atualidade, os discursos políticos estão "recheados" de críticas, desde as mais sutis às mais destrutivas. A contundência verbal tem sido a marca da disputa pelo poder. Os comentários e avaliações maliciosas - a maledicência - os dardos venenosos lançados em direção às suas vítimas.

Pessoas que se consideram detentoras da verdade absoluta, julgam sem conhecimento de causa. Outras lavam as mãos como Pôncio Pilatos, calando-se diante das injustiças. Poucos percebem que a crítica destrutiva, o comentário maldoso e o julgamento irresponsável são geradores de injustiça, que por si só, é a essência do mal que reside em nós mesmos.

É mais fácil tecer um comentário malicioso ou denegrir a imagem do outrem, do que fazer um elogio sincero ou praticar caridade fazendo "o bem sem olhar a quem...".

É mais fácil fazer fuxico alimentado pela energia da inveja que corrói, do que dar um acolhedor e fraterno abraço, alimentado pelo amor que constrói.

"Não julgueis para não serdes julgado", é o alerta crístico a todos os seres inteligentes dotados de excepcional capacidade de expansão consciencial. Capacidade que subestimamos por nos encontrarmos, muitas vezes, nos papéis de vítimas ou de julgadores, ainda influenciados pela energia de vidas passadas. E esse envolvimento na energia dos sentimentos de injustiça ou de prepotência, paralisa por tempo indeterminado o fluir de nossa inerente capacidade de evolução espiritual.

"Lavar as mãos" ou "julgar sumariamente", são gestos que se repetem entre os homens desde tempos imemoriais, quando a luta pela sobrevivência ou a disputa pelo poder, gerou a "cultura da injustiça" baseada na lei do mais forte, onde as estratégias de conquista eram planejadas a ferro, sangue e fogo.

A cultura da injustiça, sutilmente disseminada na sociedade contemporânea, perdeu a sua força e truculência dos velhos tempos das sangrentas disputas pela "verdade" religiosa e pelo poder. Porém, não perdeu a violência praticada através da ação disfarçada ou da palavra que fere.

A trajetória do homem sobre o planeta Terra é repleta de fatos ou situações em que a mentira preponderou sobre a verdade. Contudo, somos o que fomos, e essa é a nossa verdade.

Portanto, a partir dessa verdade histórica, libertar-se de hábitos culturais retrógrados associado à violência implícita ou explícita, é um dos principais desafios do homem do terceiro milênio. Muitas vezes, lavamos as mãos no ato simbólico da indiferença. Outras tantas, representamos como vítimas ou algozes. É chegado o momento de praticarmos o aprendizado dessas experiências passadas, buscando uma nova visão entre o ter e o ser de nossa existência, e entre o mal e o bem como parâmetro de uma mudança interior focada no despertar de potencialidades adormecidas.

A sabedoria de um velho provérbio Ute, talvez simbolize o que precisamos abdicar do individual em benefício do coletivo, ou seja, a difícil arte de ser simples e justo: "Não ande atrás de mim, talvez eu não saiba liderar. Não ande na minha frente, talvez eu não queira segui-lo. Ande ao meu lado para que possamos caminhar juntos".

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Diante do túmulo de Allan Kardec

Diante do túmulo de Allan Kardec


"Os espíritos anunciam que chegaram os tempos marcados pela Providência para uma manifestação universal e que, sendo eles os ministros de Deus e os agentes de sua vontade, têm por missão instruir e esclarecer os homens, abrindo uma nova era para a humanidade" (Allan Kardec)

O que está por trás da aparência física representa a verdade de cada um. Somos o resultado de nossas obras, e nessa direção, ajudamos ou não a iluminar o caminho de outras pessoas.

Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, foi um espírito que iluminou muitos caminhos com a mensagem da verdade e da libertação do mal que reside em nós mesmos. Mensagem que não deixa dúvidas sobre a sua autenticidade, à medida que, ao estudarmos as obras básicas, não encontramos incoerência, contrasenso ou contradições.

Visitar o túmulo de Alan Kardec no cemitére du père lachaise em uma ensolarada manhã de um inverno parisiense, foi uma das maiores emoções de minha vida. Solitário diante de um túmulo simples, construído com blocos sobrepostos de granito, mas embelezado por vasinhos de flores multicoloridas ali colocados e mantidos por espíritas e simpatizantes, era inevitável segurar a emoção que fluia ao sentir a energia que irradiava do local.

No entanto, ao visitarmos o túmulo de Hyppolyto León Denizard Rivail, sentimos que naquele espírito imortal cujos restos mortais ali jazem, existe uma gigantesca obra da qual ele foi apenas um intermediário. Não vamos homenageá-lo no sentido da idolatria ou do culto à personalidade, e sim, em relação aquilo que ele representou durante a sua breve passagem entre nós: um homem de caráter e de fibra, que aceitou sem vacilar, um desafio quase impossível - mas necessario - para a sua época.

Portanto, estar diante do túmulo de Kardec, é regredir aos primórdios da humanidade e refazer a sua trajetória até os dias atuais, onde, naquele pequeno espaço de concreto, flores e luz... muita luz, encontra-se o homem e a sua verdade... que é a verdade de cada um de nós.

Como não estamos eternamente solitários e o mundo é "pequeno", chega junto ao túmulo, um casal dialogando em portugues. Logo reconheço o sotaque do sul do Brasil e ofereço-me para tirar fotos. Iniciamos um diálogo de reconhecimento de origens, e como nada acontece por acaso, o casal era de Porto Alegre e residente na mesma rua onde localiza-se o centro espírita que frequento há muitos anos.

No fluir da conversa, ao ser informado de que encontravam-se afastados do espiritismo há algum tempo, convido-os a participarem das atividades da casa quando retornarem a Porto Alegre. Para minha surpresa, recebo a resposta de que essa era a intenção quando resolveram, em passagem por Paris, visitar o túmulo de Kardec. Mas que agora, diante das "coincidências" daquele encontro, não seria mais intenção, e sim, uma certeza.

Após um diálogo fraterno, espíritos que comungam um mesmo ideal, abraçam-se numa despedida de momento, visto que o resultado deste breve encontro, resulta em reencontro no assumir de tarefas que compete a cada trabalhador dentro de uma casa espírita. Trabalho que deve ser ser encarado com entusiasmo e alegria de servir.

O recado dos espíritos superiores através de Allan Kardec, é muito claro ao alertar-nos de que ninguém é melhor do que ninguém, principalmente ao exercermos um cargo ou função que represente na escala de valores criada pelo homem, hierarquia ou poder sobre os demais.

O poder, a partir da mensagem de Kardec, revela-se uma zona de risco e, ao mesmo tempo, de testagem de nossas verdadeiras intenções, à medida que encontra-se latente em nós, o orgulho, a vaidade, o egoísmo e a prepotência. Exercer o poder, portanto, seja no nível que for, desde o papel de educador ao de governante de uma nação, exige muito discernimento para que não se repitam erros cometidos no passado.

Diante do túmulo de Kardec, passa a história, o presente e o futuro da humanidade. O concreto de blocos sobrepostos de granito, representa a firmeza de caráter. As flores, representam a alegria da vida e a esperança no futuro. A energia do local, algo que nos sensibiliza profundamente e estimula-nos a desafiar medos e inseguranças.

Contudo, não precisamos ir à Paris ou à Índia para adentrarmos no portal de luz do autoconhecimento. A mensagem de Cristo, retransmitidas por Siddartha Gautama, o Buda e por Allan Kardec, o codificador, representam aquilo de que precisamos para aceitar que somos espíritos em busca da verdade no UNO.

Diante da magnitude de tais obras, fica a certeza absoluta de que a vida flui muito além da morte.

sábado, 4 de setembro de 2010

A porta entreaberta

A porta entreaberta

A porta entreaberta



"Cultivemos o bem, eliminando o mal. Façamos luz onde a treva domine. Conduzamos harmonia às zonas em discórdia. Ajudemos a ignorância com o esclarecimento fraterno. Seja o amor ao próximo nossa base essencial em toda a construção no caminho evolutivo" (Emmanuel)

É prática comum nos grupos mediúnicos espíritas, principalmente os que estão iniciando o trabalho após uma fase de estudos, inconscientemente, direcionar o atendimento no sentido seletivo, ou seja, disponibilizar a manifestação de espíritos que estejam somente desorientados em relação ao desencarne, ou ainda, aqueles irmãos mais evoluídos que passam pela reunião para transmitir uma mensagem ao grupo de trabalhadores.

No entanto, mesmo não sendo uma reunião mediúnica de desobsessão, quando encarnados e desencarnados mantém vínculo obsessivo que exige dos trabalhadores experientes muito empenho na libertação desses irmãos comprometidos com o passado, a reunião mediúnica de trabalhadores iniciantes ou mesmo antigos, exige que a "porta" esteja completamente aberta para que todos os irmãos, indistintamente, sejam bem vindos.

O trabalho mediúnico é sempre acompanhado por uma equipe espiritual co-responsavel pelos atendimentos, porém, se o dirigente e os médiuns da reunião não estiverem pré-dispostos ou psicológicamente preparados para o atendimento de irmãos que se apresentam com postura agressiva, desafiadora, manipuladora e de índole perversa, a equipe espiritual evitará que esses espíritos se manifestem através dos médiuns que compõem o grupo de encarnados.

Alerta-nos Emmanuel, através da pscografia de Chico Xavier, em "Vinha de luz", que "A gleba imensa de Cristo reclama trabalhadores devotados, que não demonstrem predileções pessoais por zonas de serviço ou gênero de tarefa". Por isso, torna-se importante o preparo psicológico do dirigente mediúnico e dos médiuns para o atendimento de quem visitar ou for levado à casa espírita com o objetivo do esclarecimento. A porta deve estar sempre aberta para o propósito de uma reunião mediúnica, seja de desobsessão ou não, assim como o acesso deve ser garantido ao encarnado que procura o serviço de atendimento fraterno, seja o caso que for.

Somos todos espíritos devedores, e os irmãos da equipe espiritual sabem que a nossa condição espiritual é um fator de identificação (afinidade vibratória) e de aproximação de espíritos para que ocorra a interação com encarnados durante uma reunião mediúnica. Se nos mostrarmos, mesmo inconscientemente, temerosos e despreparados para a tarefa, esses irmãos não chegarão até nós para o devido atendimento.

No entanto, se nos tornarmos mais receptivos, através da energia do chacra cardíaco, é sinal de que naquela reunião mediúnica existe uma porta aberta para todos os irmãos que por ali desejarem adentrar...

Uma reunião mediúnica kardecista, não é um ritual de evocação de espíritos "malévolos" ou de espíritos adiantados na escala evolutiva. É somente uma reunião à serviço do Amor Maior, onde cada integrante encarnado deve doar um pouco de amor fraterno no atendimento daqueles que procuram por Luz ou que ainda encontram-se perdidos na energia do orgulho, da vaidade e do egoísmo.

Quando em uma reunião mediúnica apresentam-se espíritos de diversos níveis evolutivos, é sinal de que os trabalhadores encarnados estão cumprindo com o propósito da tarefa, que é atender, indiscriminadamente, todos os irmãos que ali forem conduzidos pela equipe espiritual ou que se manifestarem de livre e espontânea vontade.

É tão importante e valiosa a nossa contribuição, que trabalhamos mais do que imaginamos, pois, muitas vezes, somos convocados durante o sono para o atendimento de irmãos que desencarnam em situações trágicas e, geralmente, indivíduos ainda jovens que deixam a vida sem entenderem os motivos.

No século dezenove, registrava Kardec: "O mal é a ausência do bem", isto é, o mal somos nós perdidos no labirinto de nossas próprias imperfeições. E se não tivermos a oportunidade do "acolhimento" mediante a nossa manifesta vontade de mudar, seguiremos da trilha da ilusão por tempo indeterminado.

Portanto, a porta da reunião mediúnica não deve estar entreaberta, e sim, totalmente aberta, receptiva, acolhedora para atender a demanda do trabalho que não é pouco, pois o nível de exigência aumenta à medida que o grupo de encarnados encontra-se harmonizado e comprometido com a tarefa de orientar, socorrer, esclarecer e encaminhar em conjunto com a equipe espiritual.

Um dos recursos que tem o dirigente mediúnico em casos de espíritos que apresentam-se rebeldes, orgulhosos, vingativos ou provocativos e agressivos, é convidá-los a compreender, através da regressão, o que ocorreu no passado em relação aos seus desequilíbrios na esfera das emoções e sentimentos.

Dialogar com o irmão desencarnado através do médium que lhe dá passagem, deve representar uma relação terapêutica e, ao mesmo tempo, uma relação de pai ou mãe com o filho ou filha. E o conjunto dos integrantes que estão envolvidos nessa difícil mas gratificante tarefa, deve representar o abraço acolhedor de uma família que recebe de porta aberta, o filho que retorna à casa do pai.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Firmeza no garrão

Firmeza no garrão
Informa um dito popular gaúcho que devemos ter "firmeza no garrão", ou seja, jamais esmorecer, se entregar, afrouxar o "garrão", que na construção da expressão regionalista, significa o cavaleiro fazer o cavalo andar ou disparar com a firme pressão do toque de seus calcanhares próximos às virilhas do animal.

O simbolismo da expressão gaúcha revela na figura do cavalo, a vida que devemos tocar pra frente com a firmeza necessária. Mas para tal, precisamos acreditar em valores que herdamos de nossos pais associado ao que construímos com a experiência acumulada de muitas vidas do espírito imortal.

A nossa história pessoal é a história da humanidade, como registra o historiador Evaldo Munhoz Braz em "O gaúcho e sua origem", referindo-se à importância de cultivarmos as nossas raízes ancestrais como forma de identificação a valores culturais de determinada região ou de um povo: No mundo inteiro, incluindo sobremaneira Europa e Estados Unidos, festas regionais reforçam suas certezas sobre suas origens, como comportar-se frente a adversidade e planejar o futuro. Saberem quem são. Este é o sentido de conhecer-se o passado. Afinal, é tão grave esquecer-se no passado como esquecer o passado. Nos dois casos desaparece a possibilidade de história...

Portanto, cultivar valores culturais, morais e éticos transmitidos ou conquistados com as vivências, é de suma importância para aquele que deseja crescer tanto no sentido material quanto no sentido espiritual, como afirma o cantor e compositor Luiz Marenco em uma de suas letras: É por isso que sempre canto minha terra, minhas verdades, minha gente. Meu canto é assim e só sei cantar desse jeito. Acredito que esse é o rumo, e sigo firmando o garrão pelas coisas que penso...

Somente nos sentimos seguros e confiantes quando estamos com os pés fincados na Mãe-Terra e a imaginação a viajar livre pelo universo, como faziam os grandes filósofos da antiguidade e ainda fazem os atuais pensadores e espiritualistas.

O indivíduo vive melhor quando possui valores internalizados, pois são os valores humanos que nos aproximam uns dos outros. Quando falta essa qualidade de relação típicamente humana, nos tornamos indivíduos com tendência ao isolamento e à depressão.

Jaime Caetano Braum, compositor e payador gaúcho, retrata em "Mateando", o sentimento de quem avança na idade, sem, no entanto, "afrouxar o garrão" na condução da própria vida: Não é que falte fibra, nem firmeza no garrão, pois meu coração bem compassado ainda vibra...

Alguns ditos populares, sem dúvida, são enriquecidos de vida, humanidade, história e sabedoria, e não devemos nos sentir "além" deles no sentido do conhecimento adquirido, porque sentir-se "acima" nos afasta de nós mesmos, do outrem e de nossa história temporariamente inserida na história regional, e definitivamente inserida na história da humanidade.

Somos um todo, é claro, mas obviamente temos que ter a clareza de que também somos uma unidade em busca de afirmação enquanto seres humanos em processo de aprendizagem pelo planeta Terra ou em outros mundos habitados por espíritos inteligentes.

Ter "firmeza no garrão" para tocar a vida pelo caminho da autoconfiança é o que precisamos como base de uma rota segura nos campos da vida atual e futura. Por termos "afrouxado o garrão" no passado remoto, padecemos hoje de vicissitudes que limitam a percepção de autoconhecimento e atrasam o nosso processo evolutivo.

Independentemente de nossa região de origem ou de onde tivermos fixado residência no planeta, os valores que levamos conosco devem, em parte, relacionar-se à cultura e às tradições do nosso povo. Caso contrário, nos sentiremos como uma planta com as suas raízes debilmente fixadas no solo.

Muitos casos de depressão causados pelo processo de somatização, representam um quadro clínico em que o indivíduo encontra-se "desconectado" de suas raízes culturais e/ou familiares, ou seja, ele não internalizou valores suficientes para sentir-se um "cavaleiro com firmeza no garrão".

No sentido simbólico, tocar a vida com desenvoltura exige do "cavaleiro" uma maestria que se adquire com a persistência de jamais "afrouxar o garrão na montaria", como observou o francês Dreys durante a sua passagem entre 1817 e 1825 pelo Rio Grande do Sul: Todos os exercícios de manejo e picaria dos mestres de equitação da Europa são familiares ao gaúcho, e alguns dos exercícios mais difíceis são mesmo entre eles divertimentos de crianças...

Quando conquistarmos a sabedoria de levar a vida com equilíbrio entre a firmeza, a sensibilidade e o lúdico, seremos exímios cavaleiros a caminho da felicidade no UNO, como registra Almir Sater em sua linda canção "Tocando em frente": Cada um de nós compõe a sua história e cada ser em si carrega o dom de ser capaz, de ser feliz.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O transitório e o eterno

O transitório e o eterno



A dependência afetiva ou o excesso de cuidados em relação a entes queridos e bens materiais herdados ou adquiridos durante a vida, costumam gerar uma energia que aprisiona o indivíduo a sentimentos de apego e posse.

Essa característica comportamental quando levada ao exagero, é responsavel por desequilíbrios na esfera psíquico-espiritual com reflexos na vida atual e futura do indivíduo.

Portanto, melhorar o nível de percepção em relação a nós mesmos inseridos em um contexto vital de contatos interdimensionais e de inter-relacionamentos pessoais, é dever de quem pretende disciplinar seus sentimentos.

Nesse sentido, ao observarmos o comportamento de espécies do reino animal, obtemos aprendizados que contribuem com o desenvolvimento de nossa percepção, como por exemplo, os cães domésticos. Algo na natureza instintiva desses animais, orienta-os ao momento em que a mãe deve separar-se de seus filhotes, garantindo-lhes, dessa forma, a independência afetiva e a liberdade para a vida.

O mesmo acontece com os pássaros, que são orientados pela natureza a desenvolverem habilidades para alçarem võo rumo à liberdade de suas vidas.

No entanto, em relação à necessidade de desapego afetivo e material, falta à espécie hominal inteligente, a percepção apurada de sua natureza transcendental. Mas para que isso ocorra, o indivíduo precisa disciplinar o que ainda não encontra-se disciplinado - ou resolvido - em si mesmo, ou seja, o sentimento de posse, pois é por intermédio desse sentimento em relação à pessoas ou bens materiais, que nos prendemos à indisciplina sentimental responsavel pelo desequilíbrio de nossas emoções. Desajustes que geram somatizações pelo organismo físico...

A dependência afetiva associada ao sentimento de posse, é o que mais atrapalha a vida do indivíduo no sentido de sua emancipação enquanto ser espiritual. A falta de discernimento, provocada por uma percepção condicionada à exigências de origem inconsciente e egóica, faz do corpo físico a sua própria prisão.

Desapegar-se dos exageros afetivos é experimentar, gradualmente, a libertação de antigos padrões de comportamento. É perceber o quanto éramos cativos de sentimentos que nos prendiam a um nível vibratório que limitava a expansão de nossa consciência.

Desapegar dos exageros que nos ligam ao sentimento de posse material, é desprender-se de uma situação onde o ego começa a ceder espaço ao representante de nossa verdadeira identidade diante do universo: a essência, o espírito.

Se queremos ser livres, parar de sofrer pelo que temos e pelo o que não temos, devemos abrigar um único desejo: o de nos transformar. Assim, quando alguém ou algo tem de sair de nossa vida, não alimentamos a ilusão da perda ou do afastamento. O sofrimento vem da fixação a algo ou a alguém. O apego embaça o que deveria estar claro: por trás de uma pretensa perda está o ensinamento de que algo melhor para o nosso crescimento precisa entrar. Se não abrimos mão do velho, como pode haver espaço para o novo?

O excesso de proteção a entes queridos, assim como a dependência afetiva e o excesso de preocupação - ou obsessão - em acumular rendas e patrimonio material, são desarmonias psíquico-espirituais que conseguimos curar à medida que avançamos no caminho do autoconhecimento.

A conquista do equilíbrio entre o "ser e o ter" só se adquire com muito discernimento em relação ao que devemos mudar em nós mesmos. Ter a lucidez e o discernimento necessarios para perceber o que é perecível e o que é eterno em nossas vidas, é sinal de que estamos no rumo da libertação e da cura de sentimentos negativos.

O processo de desapego é de suma importância para o bem-estar do indivíduo nos dois níveis de sua existência, ou seja, nos níveis físico e espiritual, porque quanto mais desapegado estiver o indivíduo das exigências do ego, mais perceptivo e integrado estará em relação à sua natureza espiritual.

O apego e o desapego, inclusive, são determinantes no sentido da difícil ou fácil (re)adaptação do indivíduo quando retorna para o plano espiritual, sendo necessário em alguns casos de apego à matéria, muito tempo até que o espírito perceba que não encontra-se mais no mundo físico.

Portanto, ter saúde integral, que contempla também o psíquico e o espiritual, requer no mínimo, sintonia equilibrada entre o "ter e o ser", onde o exagerado apego afetivo ou material cede lugar a uma percepção mais apurada do significado da vida como oportunidade do ser inteligente expandir a sua consciência.

Na direção do crescimento, o desapego é uma das provas mais difíceis a ser superada pelo indivíduo que deseja libertar-se de seu passado. E nesse sentido, o autoconhecimento é o caminho que deve ser percorrido com muita fé, amor, perseverança, auto-disciplina e discernimento entre o que é transitório e o que é eterno em sua vida.

Líderes?

Líderes?



"Não ande atrás de mim, talvez eu não saiba liderar. Não ande na minha frente, talvez eu não queira segui-lo. Ande ao meu lado para podermos caminhar juntos". (provérbio Ute)

Segundo o ideal de liderança, o verdadeiro líder seria aquele que consegue influenciar fortemente outras pessoas à ação, sem o uso da força, do medo ou do oportunismo. Tem a sua base na atitude pessoal, na competência e no carisma, levando os demais a admirá-lo, respeitá-lo e a defender as suas idéias.

A respeito da palavra "líder", parto do princípio de que o seu verdadeiro significado tem sido deturpado com o passar dos séculos e que os líderes existem porque não sabemos ou não conseguimos ser líderes de nós mesmos, ou seja, pessoas suficientemente auto-responsaveis, determinadas, idealistas e decididas, com senso crítico apurado, opinião própria e participativa social e politicamente.

Por este motivo, entre outros, surgem na sua grande maioria, pseudo-líderes em todas as áreas de atuação humana, principalmente, no âmbito da política e na área empresarial, que movidos por interesses pessoais - sendo cada vez mais raros os idealistas - projetam uma estratégia de crescimento particular associada a outros interesses individuais e coletivos de uma agremiação política ou de um núcleo empresarial, etc.

O problema atual do líder não são as suas inerentes características de liderança, mas o que vem "a reboque" dessa intenção, que, geralmente, apontam a vaidade, o orgulho, a ambição e o egoísmo na direção da sede de poder.

E quando registramos que o homem é obsecado pelo poder, não estamos dizendo nenhuma novidade ou cometendo uma "heresia", pois esta questão é atávica e acompanha a humanidade desde tempos imemoriais, sendo as disputas territoriais, políticas e muitos conflitos bélicos, o testemunho histórico dessa afirmação...

Estamos às vésperas de novas eleições no Brasil. Data marcada em que elegeremos "líderes" que nos representarão a partir do cargo de presidente da República. Portanto, sugiro aos amigos leitores que decidiram confiar o seu voto: percepção aguçada no momento de suas escolhas. Saber "quem é quem" nesse momento, é imprescindível no sentido de estarmos convictos de que não elegeremos oportunistas de plantão ou pseudo-líderes.

Muitos dos candidatos que retornam para nova avaliação popular no próximo pleito, são pseudo-líderes maquiados por um discurso de renovadas promessas e "boas intenções", mas cujo recente passado condena-os como pessoas descompromissadas com a ética e com a prática política voltada para os interesses do bem-comum da sociedade.

Hoje, verificamos em cada nominata de candidatos que representam suas siglas partidárias, verdadeiros "batalhões" de indivíduos munidos de belos e convincentes discursos, onde cada um procura atrair para si, a essência da verdade transformada em novas esperanças para uma classe social ou para o povo em geral.

Pseudo-líderes, demagogos e "experts" na arte do ilusionismo, apresentam-se como preparados para resolver o seu problema... os nossos problemas. Muito cuidado nessa hora, porque o voto, acima de tudo, deve ser baseado em uma lúcida e consciente avaliação das opções de que dispomos.

Particularmente, ao analisar a situação mundial através da ótica do terapeuta holístico, acredito que o modelo político baseado no ideal democrático esteja com os seus dias contados. Não pelo ideal em si, que representa a democracia da livre escolha pelo voto, o que é saudável, mas pela própria caminhada evolutiva da humanidade, cujo modelo democrático, assim como vários outros espalhados pelo mundo, já não contemplam as expectativas de renovação exigidas pela Nova Ordem Mundial, energia transformadora que somente os sensitivos a percebem envolvendo lentamente o nosso planeta...

No milênio em curso, aprenderemos a ser líderes de nós mesmos, ou seja, indivíduos centrados e focados na auto-responsabilidade como fator determinante para desenvolvermos o senso de responsabilidade com o outrem.

A partir dessa realidade social, creio que não existirão mais líderes nos moldes que conhecemos ou que idealizamos, porque uma vez auto-responsaveis não precisaremos mais de alguém que faz - ou diz fazer - aquilo que não fazemos por si próprio, pelo outrem e pelo planeta.

A dependência que hoje ainda temos de líderes ou de pseudo-líderes, acabará à medida que nos conscientizarmos de que o "poder" que obstinadamente perseguimos há milênios, encontra-se em nós mesmos, que são os valores éticos e morais pertencentes às Leis do Amor inseridas em nossas consciências, mas que necessitam de nosso "despertar" para fluir como energia que restaura, purifica e transforma realidades.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A copa que ninguém vê

A copa que ninguém vê


Na África, quando um menino masai aprende a andar, ele já recebe um bastão para ir treinando. Aos 5 anos, ganha junto com uma vara de pastor, sua primeira lança para defender os cordeiros e cabras que receberá em seguida. Assim que aprimora as suas habilidades pastoris, torna-se responsável por alguns animais e, aos 10 anos, já deve saber cuidar de si e de seu gado. São as vacas que lhes provêem quase todos os alimentos que consomem. O gado é tão importante para esse povo que a saudação mais comum quando um masai cruza com outro pelas savanas africanas, é: "Espero que suas vacas estejam bem".

A copa do mundo de futebol que está sendo realizada na África do Sul, traz visibilidade para a região, além de uma legião de turistas e profissionais da imprensa que contribuem com os altos lucros que o país obtém como sede da copa.

No entanto, não muito longe do cenário de interesses que move um evento dessa envergadura, existe uma copa que ninguém vê: "a copa da luta por comida" que ocorre na África Ocidental, onde a mídia mundial não se faz presente porque não existem interesses lucrativos ou de visibilidade que atinja o grande público consumidor.

O certo, é que indiferente à copa do mundo da poderosa FIFA, milhões de africanos ocidentais - estima-se em 10 milhões - estão ameaçados pela estiagem e falta de alimentos a preços acessíveis.

Atualmente, segundo as organizações humanitárias internacionais, pessoas esfomeadas estão sendo forçadas a comer folhas e coletar grãos de formigueiros. A situação cruel se repete em diversos países, onde a insegurança alimentar provocada pela estiagem que devastou plantações e provocou a falta de pastagens, água e colheita pobre, estão levando famílias ao desespero na busca por comida.

Com a crise estabelecida e a decorrente alta no preço dos alimentos, muitas famílias estão consumindo a ração que seria destinada ao gado, fato que tem provocado a morte por inanição de muitos animais, inclusive caprinos, que servem como fonte de alimento no consumo do leite e da carne.

Somando-se às perdas na agricultura provocado pelo desequilíbrio climático na região, nuvens de gafanhoto danificaram as árvores frutíferas que mantinham como a principal fonte de renda nas áreas rurais de alguns países, principalmente no Chade, onde a colheita 2009/2010 foi considerada a pior dos últimos anos.

Conforme informações das organizações humanitárias estabelecidas na África Ocidental, a situação é extremamente preocupante e comparável ao caos que enfrentou a Etiópia em 1984, quando cerca de um milhão de pessoas teriam morrido devido à estiagem e à lenta reação da comunidade internacional frente ao quadro dramático.

Enquanto na copa da fartura as disputas são pela posse da bola, vaidade, orgulho, audiência ou por interesses dissimulados, na copa da fome os interesses estão voltados para a luta pela sobrevivência e dignidade.

Enquanto na África do Sul os micro e mega interesses começam a contabilizar os lucros e as vantagens obtidas nas disputas que tem como "pano de fundo" a bola de futebol, na África Ocidental os esfomeados e esquecidos pelos holofotes da mídia e pelos governantes das super potências, começam a contabilizar as perdas e a projetar um futuro próximo de extremas dificuldades se não forem ajudados pelo capital financeiro internacional e pelas pessoas de boa fé de todos os cantos do planeta.

Enquanto na copa que supervaloriza os "classificados" da competência ou da sorte, que passam de fase e garantem temporariamente as suas aparições "na vitrine da fama", como numa cena surrealista, os desclassificados da copa do infortúnio e do esquecimento, desfilam nas secas e tórridas savanas da África Ocidental, as suas "delegações" de famintos que portam bandeiras e faixas que identificam os seus países de origem e respectivos dramas sociais.

  • Mauritânia: atingido pela crise alimentar;
  • Mali: 629 mil pessoas não tem alimentação adequada;
  • Niger: oito milhões de pessoas em risco;
  • Chade: dois milhões de pessoas em risco;
  • Burkina Fasso: partes do país estão em risco;
  • Nigéria: norte do país atingido pela crise alimentar.
Segue-se ao mórbido desfile das delegações africanas, um depoimento e um dramático apelo de Caroline Gluck, representante da OXFAM no Níger: "Ontem vi uma mulher analisando pedregulhos ao lado de uma estrada, tentando achar grãos que poderiam ter caído de caminhões que transportavam ajuda humanitária". E conclui: "A África Ocidental não tem estado no topo da lista de prioridades dos países desenvolvidos. A questão agora é quantos de nós ainda temos que ver morrer até o mundo agir?"

Enquanto isso, na África do Sul, indiferentes ao SOS da África Ocidental, seguem as disputas em todos os níveis de interesses individuais e coletivos, onde cada um tenta garantir o seu "quinhão".

terça-feira, 22 de junho de 2010

Dê atenção às suas tendências!

Dê atenção às suas tendências!

O comportamento é a forma como nos apresentamos socialmente, ou seja, a expressão de nossos sentimentos, emoções e maneira de ser que envolvem nossos atos no cotidiano da vida. O comportamento, portanto, é a nossa imagem projetada no meio sócio-familiar.

Essa imagem, muitas vezes, sem percebermos, carrega consigo tendências ou vícios de comportamento como a leviandade, a criticidade exagerada, o sarcasmo, entre outros defeitos de caráter...

Características pessoais que acabam tornando-se "marca registrada" de nossa personalidade e influenciando na construção de nossa imagem projetada no âmbito das relações humanas.

Não seria problema se essas tendências comportamentais não cristalizassem com o passar do tempo, levando o indivíduo a se tornar um crítico da "própria sombra", ou um sarcástico de assuntos considerados sérios, ou ainda, um observador leviano contumaz...

Tendências ou vícios comportamentais são características individuais que interferem negativamente na evolução do espírito, pois são mecanismos de atuação psíquica, que ao interferirem no fluir do autoconhecimento, impedem que a fé ou a crença se fortaleçam.

O desenvolvimento da autodisciplina é imprescindível no sentido de "combater" tendências ou vícios de comportamento. A autovigilância, quando levada a sério pelo indivíduo que deseja, convictamente, transformar-se moralmente, já é meio caminho andado para uma tomada de atitude renovadora em sua vida.

Libertar-se dos vícios de caráter que nos acompanham há muito tempo, sempre é um desafio espinhoso, mas não impossível de superar quando a firme vontade está associada à perseverança no Bem.

A falta de disciplina inserida na filosofia de vida, assim como a falta do lúdico quando a disciplina é exagerada, causam desequilíbrios na esfera comportamental do indivíduo, com repercussões no âmbito das relações afetivas. No entanto, para que se processe naturalmente a expansão da consciência, não podemos abdicar do senso de auto-responsabilidade como requisito básico para que a autodisciplina seja fator importante na conquista de etapas do autodescobrimento.

Uma mente muito dispersiva, confusa e perdida no hábito-vício da crítica negativa, do sarcasmo ou da observação leviana, representa uma consciência paralisada no seu processo de autoconhecimento.

Toda situação de tendência comportamental exagerada, característica que a pessoa carrega consigo no dia-a-dia e da qual não consegue libertar-se, com repercussões desagradáveis em seus relacionamentos interpessoais, é passível de ajuda psicoterapêutica.

Quando nos encontramos em um labirinto vital com dificuldades de visualizarmos a saída, é momento de prestarmos atenção ao sinal de alerta que nos avisa sobre a necessidade de buscarmos ajuda para que a saída seja encontrada.

Viver - e morrer - com vícios comportamentais que afastam pessoas que poderiam acrescentar, e atraem outras que afinizam conosco, mas que nada acrescentam em termos de crescimento pessoal, é uma perda de tempo para o ser dotado de inteligência e de imensa capacidade de amar e ser amado.

Amadurecimento, como já registramos, implica em disciplina e senso de responsabilidade consigo próprio e com o mundo de relações que nos cerca. Conviver na crítica exagerada ou no sarcasmo como forma sutil e indireta (transferencial) de agressão, é atitude infantil de defesa que exige, no mínimo, reflexão.

Prestar atenção às suas tendências negativas ou vícios comportamentais, é dever de quem pretende amadurecer na esfera de suas emoções e sentimentos não resolvidos.

Hoje, temos a clareza em relação à somatização de doenças, como a úlcera gástrica e o câncer, originadas pelo fato da pessoa ser amarga, crítica e severa consigo mesma, com o outrem e com o mundo.

Não nascemos por acaso e não viemos ao mundo à toa. A nossa estadia na dimensão física tem um significado que transcende em muito as nossas incompreensões e dúvidas a respeito de nossa existência.

Se quisermos crescer com a oportunidade dada, resta-nos perceber o momento vital para encaminharmos as mudanças de atitudes das quais necessitamos. Caso contrário, permaneceremos céticos e indiferentes vendo a vida passar através de nossa limitada visão.

Erradicar vícios comportamentais através de um melhor nível de autoconhecimento é obrigação de quem luta para libertar-se de atávicas acomodações que interferem negativamente no processo de evolução consciencial.

Portanto, estará sempre o ser inteligente diante do maior de seus desafios: tranformar pelo processo de reforma íntima, vícios e tendências negativas em atitudes positivas, enobrecedoras que elevam o espírito.

sábado, 12 de junho de 2010

Estamos valorizando o amor?

Estamos valorizando o amor?

O amor desvirtuado de seu profundo e verdadeiro significado, convive com o homem há milênios. Na Grécia e Roma antigas, por exemplo, já ocorriam entre os poderosos, banquetes regados à bacanais. Em Jerusalem, bem antes de Cristo, já existia a prostituição como forma de renda. E assim por diante...

No entanto, o amor corrompido vem competindo durante todos esses séculos com uma outra forma de amor: o amor romântico, aquele que aposta na conquista pela sensibilidade e honestidade de sentimentos, embora a cultura moderna tenha deformado em parte, a imagem do ideal romântico.

O Dia dos Namorados, portanto, tenta resgatar o romantismo entre seres humanos que se amam, e exaltar o amor como forma de valorização do próprio homem.

Esta data, sobretudo, leva-nos à reflexões sobre o significado do amor em nossas vidas, ou seja, até que ponto estamos dando a devida importância à energia que promove o equilíbrio e a felicidade nas relações humanas? Estamos, suficientemente, valorizando o amor em nossas vidas?

Entre dramas domésticos, tragédias consumadas, declarações apaixonadas, separações e relações (re)assumidas em nome do amor, o Dia dos Namorados representa o "lado bom" do ser humano, pois além de resgatar valores desgastados com a velocidade dos tempos modernos, (re)aproxima pelo vínculo do amor, o indivíduo do outrem.

Em época conturbada no âmbito das relações amorosas, quando os papéis do masculino e do feminino passam por alterações no contexto socio-familiar, o Dia dos Namorados ressurge como um "bálsamo romântico" para que os enamorados de todas as idades repensem a vida a partir da união entre dois seres envolvidos em compromisso de amor.

Dia para refletir a respeito do que motiva as desavenças, os ciumes, os desequilíbrios que tornam muitas pessoas infelizes. Mas também, dia para refletir sobre o que torna outras tantas pessoas equilibradas, felizes e satisfeitas com seus relacionamentos.

Valorizar o amor, a começar pelo namoro, é valorizar a vida. As conquistas de uma vida tornam-se mais valorizadas quando compartilhadas e movidas pela energia da cumplicidade amorosa.

Não deixemos os aprendizados para a próxima vivência na dimensão física. O ser que hoje demonstra estar enamorado de você, pode ser um amor de outra época que retornou para voces trilharem juntos uma nova caminhada.

Caminhada que visa, acima de tudo, o crescimento mútuo, onde o compromisso com o amor assumido é a luz que orienta os seus passos na senda do progresso.

O Dia dos Namorados, portanto, elege a importância do amor diário como fator de evolução tanto material quanto espiritual entre indivíduos que apostam na felicidade possível, as suas expectativas vitais de presente e futuro.

Apesar do avanço tecnológico que elege a máquina como a vedete do tempo presente, o simbolismo da data lembra-nos que não somos robots, mas seres dotados de sensibilidade, emoções e sentimentos. E que a vida no planeta Terra ainda depende das relações humanas fundamentadas no amor.

Para os jovens, o estágio do namoro vincula-os a projetos de vida, expectativas de crescimento, esperança de constituir família, ter filhos, emprego estável... responsabilidades.

Para aqueles nem tão jovens, mas que apesar das diferenças insistem em manter a relação, o dia doze representa a possibilidade de recomeço a partir da ponderação, do diálogo aberto na tentativa de "aparar arestas" e (r)estabelecer o senso de equilíbrio que gera mais amor, um amor amadurecido pelas pequenas ou grandes conquistas mútuas.

Para aqueles que conseguem manter um longo tempo de relacionamento onde a estabilidade e o crescimento superam eventuais crises de relação, a data é lembrada - e comemorada - como uma história de amor que amadureceu com o passar do tempo....

Enfim, o doze de junho, data que comemoramos o Dia dos Namorados, deve ser um dia de reflexão para todos nós, pois refletir sobre a importância do amor em nossas vidas, representa o nível de valorização que damos a si mesmos, ao outrem e ao planeta onde vivenciamos uma intensa relação de amor.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Lucidez e loucura

Lucidez e loucura

Lucidez e loucura


Muita confusão sempre se fez entre a pessoa considerada lúcida, e a pessoa considerada "louca" ou perturbada mental. A tênue divisa que separa uma condição da outra é o "fio de navalha" da ciência oficial. É o labirinto onde procuramos uma saída.

Desde a Antiguidade, muita loucura se fez em nome da "normalidade". No entanto, até hoje, os conceitos se misturam confundindo leigos e estudiosos do comportamento humano.

O problema é que foi criado há alguns séculos atrás, um paradígma ocidental do comportamento humano. Modelo baseado nos valores ligados ao mundo físico, palpável, concreto... associado à experiência humana de perceber com os cinco sentidos, a sua realidade inserida neste mundo material.

A partir de então, todo indivíduo rotulado de "diferente" pela mentalidade vigente, era considerado elemento perigoso para o convívio em sociedade. Portanto, discriminado e, muitas vezes, afastado para sempre do convívio social.

Essa mentalidade rendeu séculos de preconceito e de perseguição aos diferentes. Somente após o trauma da Inquisição que os primeiros estudiosos da psique humana iniciaram as suas pesquisas na tentativa de projetar um pouco de luz do conhecimento adquirido.

Contudo, até os dias atuais, a confusão continua instalada, embora mais "sutil" no sentido de sua aceitação e interpretação contemporânea. Os diferentes já não são mais caçados. A mediunidade começa a ser reconhecida no meio científico, e personalidades antes malditas ou rotuladas, como Allan Kardec e Chico Xavier, entre outros, passam a ser referências de idoneidade moral e de equilíbrio na mídia.

O medo do diferente, que antes ameaçava o paradígma da normalidade, passa a ser visto ou aceito enquanto possibilidade de mudança. Já é um bom começo de uma caminhada que ainda tem muito chão a ser percorrido...

No entanto, instalado lá no inconsciente coletivo, o medo de ser considerado "estranho" aos olhos dos "normais", permanece atuando psíquicamente e inibindo o desabrochar de potencialidades inerentes ao ser humano. O estígma do "esquisito" continua freando iniciativas ou provocando conflitos pessoais naqueles, que por medo da aceitação de suas experiências "anormais", acabam bloqueando o fluir do sexto sentido.

A palavra "lúcido", conforme o dicionário, possui um interessante significado porque abre possibilidades: "brilhante, límpido, transparente, claro, preciso". Enquanto o termo "louco", ao contrário, fecha possibilidades: "perdido, contrário à razão, extravagante, esquisito, demente, alienado".

Diante dessa dicotomia, herança da Antiguidade, lucidez e loucura representam uma tomada de consciência e, ao mesmo tempo, um desafio para aqueles que gostariam de assumir a condição de "diferentes" em um estado de coisas que, lentamente, começa a mudar e a aceitá-los no convívio social.

A partir do Terceiro Milênio, os esquisitos começam a assumir o seu lugar em todas as áreas do conhecimento humano, e a "quebrar a espinha dorsal" de um paradígma comportamental construído há séculos.

A "lucidez" começa a entrar no campo do conhecimento da loucura, e a extrair de suas entranhas, novos elementos antes desconhecidos à luz da ciência. E a entender que o "pleno uso da razão" possui um significado relativo se considerarmos a experiência mediúnica associada à nossa natureza espiritual...

A "loucura", por sua vez, começa a ser "dissecada" e associada, em parte, à lucidez. E, em outra parte, associada aos desequilíbrios provenientes do complexo psíquico-espiritual do homem. Cada caso será um caso analisado e tratado conforme a condição integral do indivíduo, ou seja, a sua natureza bio-psico-sócio-espiritual.

O mais importante, por enquanto, é o indivíduo que se sente diferente, assumir sem medo de ser feliz - ou infeliz - a sua "diferença", porque é desafiando e transformando realidades que o homem aprimora o conhecimento sobre si mesmo.

Atualmente, os velhos conceitos de lucidez e loucura começam a desbotar com a ação dos novos tempos de transformações. Uma nova fase de transparência se avizinha para a humanidade. Nos encontramos numa fase transitória, intensa. Exatamente no ponto crucial onde termina a "alienação" e inicia "o claro, o preciso e o transparente".

sábado, 8 de maio de 2010

A lógica e a coerência da reencarnação

A lógica e a coerência da reencarnação

Por que existem as diferenças entre os seres humanos, se todos nascemos da mesma forma materna?

Por que uns nascem saudáveis e outros doentes?
O que explica as deformações congênitas, as mortes prematuras, a longevidade, os desequilíbrios psíquicos, as injustiças, enfim, os dramas pessoais e familiares que provocam muita dor e sofrimento na humanidade?

Se não fosse pela teoria da reencarnação, ou seja, da existência de sucessivas vidas do espírito imortal, fato que tem como objetivo oportunizar ao espírito que retorna a um corpo físico, um recomeço onde poderá rever conceitos próprios e depurar-se ao longo de sua jornada na matéria, ou passar por uma provação como forma de redimir-se diante das Leis Divinas, nada do que acontece de diferente entre nós seria explicado e a vida não faria sentido.

Somos, hoje, a consequência do que fomos em vidas passadas, ou seja, o resultado do que aprendemos - e progredimos - ou deixamos de aprender - e estacionamos - das experiências vitais pregressas.

Se observarmos mais atentamente o ambiente natural, verificaremos que todas as espécies do reino animal seguem uma orientação natural (instinto) na forma como se organizam, vivem e morrem.

Se estudarmos Astronomia ou Física, observaremos que diante de um aparente caos cósmico, existe uma perfeita ordem universal. Uma sintonia em relação ao que nasce e ao que morre...

Se nos aprofundarmos no estudo da Química ou da Biologia, nos surpreenderemos com microorganismos que interagem numa perfeita simbiose, onde cada situação é específica, mas, que na verdade, representam a micro-estrutura responsável pela vida ou pela morte no planeta Terra.

Albert Einstein, o notável físico alemão, num misto de reflexão, alerta e desabafo, registrou em seus manuscritos que "o ser humano vivencia mesmo, seus pensamentos como algo separado do resto do universo - numa espécie de ilusão de ótica de consciência. E essa ilusão é uma espécie de prisão que nos restringe a nossos desejos pessoais, conceitos e ao afeto por pessoas mais próximas. A nossa principal tarefa é de nos livrarmos dessa prisão, ampliando nosso círculo de compaixão, para que ele abranja todos os seres vivos e toda a natureza em sua beleza".

E conclui o famoso cientista: "Ninguem conseguirá alcançar completamente esse objetivo, mas lutar pela sua realização já é por si só parte de nossa liberação e o alicerce de nossa segurança interior".

As palavras de Einstein refletem perfeitamente o sentido da existência humana, em que a lógica e a coerência do "viver", apontam para a necessidade de expansão consciencial como meio do homem libertar-se do restrito círculo vivencial - e perceptivo - ao qual se encontra.

Ao expandir horizontes e enfrentar o desconhecido, o homem eleva a sua consciência à condição de ser universal e finca bases sólidas: "o alicerce de sua segurança interior". Alicerce fundamentado na compaixão, que representa uma compreensão mais ampla do verbo amar...

Muitos cientistas de mente aberta como Einstein, filósofos, artistas, estudiosos da psique e poetas, entre outros, registraram para a posteridade, suas profundas impressões sobre o significado da vida. Visões que testemunharam a própria experiência vital repleta de sentido e significados que transcendem ao âmbito da dimensão física.

O acúmulo de experiências que levamos de vivências no plano físico serve para identificar a nossa sintonia diante do universo. No entanto, se em uma única vida progredimos consideravelmente, perseverando no bem, a nossa sintonia sofre uma alteração e passa a ter uma nova identidade universal.

Somos, sem sombra de dúvida, uma consequência do que viemos sendo há muitos séculos. Somente um "acidente de percurso" poderá alterar essa lógica comportamental, que é o despertar para o autoconhecimento.

O autodescobrimento, à medida que vai se processando, amplia horizontes, alarga a visão sobre a vida e aguça a percepção, alterando para melhor a lucidez e a capacidade de discernimento do indivíduo.

Com o despertar para a realidade espiritual, alteramos o paradigma comportamental e interferimos positivamente em nossa aura, campo de energia que envolve o corpo físico e que pelas formas e cores identifica o nosso estado emocional e a nossa frequência vibratória.

Ao processarmos o autoconhecimento - e a decorrente expansão consciencial - acionamos o mecanismo bio-psíquico-espiritual da autocura, processo que erradica, lentamente, as nossas antigas e arraigadas imperfeições.

Portanto, em pleno terceiro milênio, o maior desafio do ser inteligente é transformar o saldo negativo das reencarnações anteriores, em saldo positivo a partir da vivência atual.

Sabe-se, conforme as Leis Naturais que regem o universo, que nada acontece por acaso e que tudo tem a sua razão de ser ou de acontecer. A lógica e a coerência que orienta a estrutura micro/macro cósmica é perfeita, assim como num "dia" do calendário cósmico, todos os seres inteligentes dos mundos habitados deverão alcançar o último degrau da escala evolutiva. Quando chegar esse momento, seremos no UNO o saldo positivo de todas as vivências anteriores do espírito imortal.

sábado, 1 de maio de 2010

Entre o desejo e o prazer






Entre o desejo, que segundo o dicionário "é a vontade de possuir, aspiração ou cobiça", e o prazer, que significa "causar satisfação", existe um vazio teórico e prático ainda não suficientemente explicado pelas ciências do comportamento humano. Neste espaço não preenchido pelo conhecimento científico do psiquismo, o prazer, que é a satisfação - ou realização - de um desejo, ainda não encontrou eco.

Segundo os hindus, o chacra suadhistana, que em sânscrito significa "a morada do prazer" e situa-se abaixo do umbigo, quando em equilíbrio seria responsável por algumas qualidades positivas do homem, como desejo, prazer, emoções, saúde, tolerância. Mas também responsável por algumas qualidades negativas quando em desequilíbrio, como confusão mental, ciúme e problemas sexuais.

Os desejos, na verdade, impulsionam todas as ações da vida e são responsáveis pela sobrevivência do indivíduo, assim como a procura da companhia e do amor na constituição de uma família. O desejo também é o responsável pelo fato da pessoa buscar a sua evolução dentro de seu contexto vital. Se não existisse o desejo, o que impulsionaria a pessoa a fazer qualquer coisa, a ter iniciativa, a buscar o seu crescimento? A vida perderia a graça, o movimento e o sentido.

Conforme Joanna de Ângelis em "Desejo e Prazer", psicografia de Divaldo P. Franco, "o desejo impõe-se como fenômeno biológico, ético e estético, necessitando ser bem administrado em um como no outro caso, a fim de se tornar motivação para o crescimento psicológico e espiritual do ser humano. É natural, portanto, a busca do prazer, esse desejo interior de conseguir o gozo, o bem-estar, que se expressa após a conquista da meta em pauta".

Para Goethe, o desejo constitui uma verdadeira dádiva de Deus para todos quantos se identificam com a vida e que se alegram com o esplendor e a beleza que ela revela. "A vida, em consequência, retribui-o através do amor e da graça", dizia ele.

O LADO SOMBRA DO DESEJO

No entanto, o desejo - e a busca do prazer - possui o seu lado sombrio que foge ao controle da razão como explica Joanna de Ângelis: "Ocorre quando o impulso que se sobrepõe à razão, desarticula os equipamentos delicados da emoção e conduz ao desajuste comportamental, especialmente na área genésica, expressando-se como erotismo, busca sexual para o gôzo". Sem entrarmos no mérito moral da questão, observamos aqui o descontrole da razão originado pelo desequilíbrio do chacra suadhistana, que repercute no emocional, e como decorrência, no comportamental do indivíduo.

No psicológico, entre o desejo e o prazer, encontramos algumas explicações na herança atávica relacionada ao pecado como "tentação diabólica", ou à castração punitiva via educação, alimentada pela repressão, auto-repressão e sentimento de culpa geradores de conflitos subjacentes que inibem o estímulo original, ou seja, o desejo.

André Luiz, pela psicografia de Chico Xavier em "Sinal verde", registra que "O campo do desejo, no terreno do espírito, é semelhante ao campo de cultura na gleba do mundo, no qual cada lavrador é livre na sementeira e responsável na colheita". E completa a sua racional análise: Desejo é realização antecipada. Querendo, mentalizamos; mentalizando, agimos; agindo, atraímos; e atraindo, realizamos. Como você pensa, você crê, e como você crê, será. A vida é sempre o resultado de nossa própria escolha. A sentença de Jesus: Procura e achará, equivale a dizer: Encontrará o que deseja"

No raciocínio desta frase crística, segue Emmanuel pelo viés das obsessões em "Examina teu desejo", psicografia de Chico Xavier: "Farás o que desejas, assim sendo, se te relegas à maledicência, em breve te constituirás em veículo dos gênios infelizes que se dedicam à injuria e a crueldade. Se te deténs na caça ao prazer dos sentidos, cedo te converterás no intérprete das inteligências magnetizadas pelos vícios de variada expressão. Se te confias à pretensa superioridade, sob a embriaguez dos valores intelectuais mal aplicados, em pouco tempo te farás em canal de insensatez e desequilíbrio".

Segundo o Budismo e as suas quatro nobres verdades, a primeira nobre verdade é a existência do sofrimento: a segunda é que a causa dele são os três venenos: o desejo, a ignorância e a aversão: e a terceira nobre verdade é que o sofrimento acaba quando eliminamos os três venenos.

O LADO LUZ DO DESEJO

Como registrou Joanna de Ângelis em "Amor, imbatível amor", psicografia de Divaldo P. Franco, "O desejo e o prazer se transformam em alavancas que promovem o indivíduo ou abismos que o devoram. A essência da vida corporal, no entanto, é a conquista de si mesmo, a luta bem direcionada para que se consiga a vitória do Self, a sua harmonia e não apenas o gozo breve, que se transfere de um estágio para outro, sempre mais ansioso e perturbador". E completa: "Em esfera mais elevada, torna-se sentimento graças a conquista de algum ideal, alguma aspiração, anseio por alcançar metas agradáveis e desafiadoras, propensão à realização enobrecedora".

Em "Examina teu desejo", alerta-nos Emmanuel pela psicografia de Chico Xavier: "Se te empenhas na boa vontade para com os semelhantes, imperceptívelmente terás o coração impelido pelos mensageiros do Alto ao serviço que possas desempenhar na construção da felicidade comum". E conclui ao relacionar desejo com auto-vigilância: "Examina os teus desejos e vigia os próprios pensamentos, porque onde situares o coração aí a vida te aguardará com as asas do bem ou as algemas do mal".

Para o Budismo, os desejos de iluminar, de amar sinceramente, de ter alegrias, de ser feliz, de sentir-se bem, de fazer o bem, entre outros, são bons desejos e não devem ser eliminados, pois na verdade, a transformação interior por intermédio do autoconhecimento, muda os desejos maus em desejos bons.



COMENTÁRIO

As contribuições da Psicologia, do Budismo e do Espiritismo, através das mensagens de Joanna de Ângelis, Emmanuel e André Luiz, reforçam a tese de que entre o desejo e o prazer existe realmente um espaço onde o bem e o mal transitam conforme as escolhas - livre arbítrio - de cada indivíduo. Como esse "vazio" encontra-se em uma área do psiquismo humano ainda pouco explorado pelos estudiosos do comportamento, conclui-se que a transcendência, fundamentada na teoria reencarnacionista e na fé raciocinada, consiga preencher este espaço deixado pelo (des)conhecimento do materialismo científico.

Como vimos, a padronização vida após vida do comportamento vicioso, onde ocorrem os desequilíbrios psíquico-espirituais entre desejo e prazer, somente é alterada pelo processo de autoconhecimento do indivíduo, quando ele percebe a vida de um ângulo mais profundo, ou seja, em conexão com o canal da transcendência como refere-se Mahatma Gandhi: "O desejo sincero e profundo do coração é sempre realizado; em minha própria vida tenho sempre verificado a certeza disso".

Acredito que seja dessa forma descrita por Gandhi que desejo e prazer se encontram e se completam sem deixar entre um e outro, o vazio da incompreensão científica, filosófica ou religiosa. E esse vazio só é preenchido por aquele que aceita a mudança de atitudes, pois somente a transformação íntima é que pode nos tirar, gradativamente, dos ciclos de desequilíbrios interiores que geram as enfermidades do corpo e da alma.

Psicoterapeuta Interdimensional

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Tempos de reflexão e ação

Tempos de reflexão e ação
Diz o dito popular, baseado na cultura cristã, que "devemos praticar o bem sem olhar pra quem". Afirmação que traz, implícitamente, os ensinamentos de Jesus Cristo, mas também a mensagem do Budismo através de Siddartha Gautama, o Buda.

No entanto, praticar o bem embuído de um sentimento de desapego e de amor incondicional, não é tarefa comum ou de fácil execução para a maioria dos humanos. Por quê? Porque trazemos conosco uma cultura anterior ao aparecimento de Jesus Cristo e de Siddartha Gautama na face da Terra. E nesse histórico de milhares de anos a.C. e de múltiplas encarnações do espírito imortal, sucumbimos inúmeras vezes pela energia do mal praticado nas suas mais diversas e sutis formas.

Hoje, em pleno século XXI, o mal - que é a ausência do bem - já perdeu muito do seu simbolismo maquiavélico e maniqueísta, representado pela aterradora imagem do demônio que arrastava os infiéis e pecadores para as eternas labaredas do inferno...

O terceiro milênio traz consigo a luz que afasta as sombras que ainda restam da idade média. O homem já não consegue mais esconder-se no simbolismo do mal - implícito e explícito - que perdurou durante séculos, hipnotizando e aterrorizando gerações de humanos. A figura do demônio começa a ser desmascarada pelas revelações dos novos tempos de transformações, e o mal, antes mistificado pelo poder religioso e pela imaginação popular, é desmistificado e devolvido à sua origem criadora: o próprio homem.

Portanto, o mal sem "máscaras" torna-se transparente e cada vez mais compreendido na sua bidimensionalidade espiritual e física. O demônio deixa de ser o "bode expiatório" da história, e o homem assume de fato - e de direito - aquilo que sempre lhe pertenceu: a responsabilidade pelos desequilíbrios de sua natureza física e espiritual contidos na interpretação das Leis Naturais (Universais).

Esses desequilíbrios expostos pelo desconhecimento das Leis Espirituais, revelam que o homem é o causador de seus infortúnios, e que o mal revela-se, entre outros, nas atrocidades geradas pela discriminação, ódio e maniqueísmo das guerras, como pela discriminação e preconceito gerado pela fofoca, inveja e pelo bullying que provoca traumas psíquicos no indivíduo e deixa sequelas para o resto da vida.

Não somos diabos nem deuses, mas criaturas inteligentes a caminho da evolução em um mundo que passa de "provas e expiações" para a realidade de regeneração espiritual.

Nesse sentido, o terceiro milênio chega com o recado de que a partir de agora estamos mais expostos em relação ao que verdadeiramente somos. Transparência que orienta-nos para olhar para dentro de nós mesmos e avaliar a trajetória até aqui, ou seja, "O que devemos mudar, reformar ou transformar para que possamos quebrar um paradígma íntimo que nos acompanha há muito tempo?"

Hoje, felizmente, verificamos que a transparência já atingiu os lares, as instituições públicas, privadas e religiosas; a política e até a Igreja, revelando resquícios da idade média que ainda encontravam-se escondidos nas sombras do anonimato e da máscara encobridora da verdade.

A verdade, aos poucos, como tem que ser, assume o seu lugar na nova história da humanidade. Tempo de revelações - e transformações - em que a prática do bem e do amor fraternal começa a despontar no horizonte da bem-aventurança, mostrando ao homem que a mudança de modelo que o acompanha há milenios, depende única e exclusivamente dele próprio... como agente transformador de realidades.

Gradualmente, começamos a perceber que somos vítimas de nós mesmos, ou seja, reféns do sombrio passado, cujo presente - e futuro - clama por luz e liberdade. Libertação que relaciona-se com a interdimensionalidade de nossas vidas e com os compromissos assumidos com o amor fraternal como forma de aprendizado nas relações humanas. Começando por nós mesmos ao assumirmos a autoresponsabilidade e continuando com o assumir de responsabilidades com o outrem no cotidiano da vida...

"Praticar o bem sem olhar pra quem" é uma verdade que nos desafia a cada momento vital. A prática do bem, experiência que renova sentimentos e restaura a saúde. Conscientização que leva-nos a um processo de erradicação da maldade que reside em nós mesmos, purificando o que antes era impuro; cicatrizando feridas abertas; pacificando mentes e corações... e curando o que antes era incurável.

A alma adoece pela prática do mal em todas as suas formas humanas. No entanto, a alma cura-se e eleva-se pelo exercício do bem em toda a sua transparência e transcendência...

O mal é a ausência do bem. O bem é a ausência do mal. O milênio da luz chega para esclarecer mentes e pacificar corações. Contudo, a escolha é nossa através da orientação do livre-arbítrio, como tem sido desde tempos imemoriais. Mas agora com uma diferença: somos espíritos encarnados em um mundo de regeneração, isto é, um mundo cuja frequência energética (ou consciencial) evoluiu, alterando dessa forma, a necessidade de adaptação por parte dos espíritos que retornam à Terra para mais uma experiência vital.

Vivemos tempos de reflexão e ação em prol de um mundo melhor e mais humano. Um mundo cujas consciências mais lúcidas passam a ser iluminadas por uma energia imaterial, responsável pelas grandes transformações que começam a ocorrer no planeta, cuja orientação baseada na lei Maior, leva-nos ao significado da palavra "regenerar", ou seja, "tornar a gerar (o que foi destruído), reconstituir, restaurar, formar-se de novo, corrigir(se) moralmente".

Portanto, diante da nova realidade vibracional do planeta, temos duas opções em relação a nós mesmos, considerando-se passado, presente e futuro: começar de novo e evoluir moralmente ou continuar o que viemos sendo ao longo dos séculos e renascer em um mundo compatível com a nossa sintonia.

A Lei Maior não discrimina, não segrega, apenas é lógica e coerente aos princípios evolutivos que regem o universo, que é a Lei do Amor.

domingo, 11 de abril de 2010

Cuidado com a energia sexual!

Cuidado com a energia sexual!

Energia sexual é energia criativa que move a vida, nossas vontades e desejos" (Carl Gustav Jung)

O objetivo desse artigo não é julgar moralmente o praticante do sexo casual ou adeptos das demais modalidades sexuais ditas não "convencionais", mas resgatar do milenar ensinamento filosófico-religioso taoista da China antiga, do também milenar conhecimento tântrico indiano e do secular espiritismo, algumas informações e tópicos que sejam compatíveis com o tema escolhido para o texto. É o que veremos a seguir.

O sexo, admirável fonte de felicidade e prazer, devido ao fácil apego que gera, sempre foi causa também de sofrimentos e deturpações. Prostituição e exploração sexual existem desde tempos imemoriais, mas atualmente adquiriram uma dimensão tal que o sexo, associado à propaganda, estimulado pela mídia e incentivado como uma maneira de viver, desviou-se totalmente da fonte de alegria e prazer que sempre foi.

A banalização do sexo veio como consequência da banalização do amor. Não deveria haver problemas ou proibições religiosas, exigências de celibato ou cobranças de fidelidade, mas como se perdeu a noção do que seja o amor e esse foi substituído pelo apego, gerando ciúmes, vinganças e desejos irrefreados de repetição do prazer sexual, o sexo acabou se tornando um problema a ser enfrentado e combatido.

SEXO, PERMUTA DE ENERGIAS

Sempre que corpos se unem num beijo, num abraço ou até num simples toque, ocorre uma troca de energias. Se a união é sensual, num beijo ou num ato sexual, a liberação energético-informativa hormonal que ocorre, estimula todas as células do corpo e torna a transferência energética muito mais intensa. A relação sexual é uma troca íntima de fluidos vitais, hormônios e energia sutil. O climax, no orgasmo, é o ápice na formação de um vínculo energético entre os parceiros. Cria-se, então, uma memória energética celular comum, um evento que liga permanentemente os dois parceiros.

Desse ponto de vista não há sexo seguro, pois sempre há troca e vínculo energéticos que fazem com que o(a) parceiro(a) permaneça em nós. Dessa forma, como dentro da experiência sexual há uma troca química, hormonal e energética profunda, se o ato sexual é efetuado com pessoas fora de sintonia com a nossa frequência pessoal, todo o "lixo" daquela pessoa virá para desarmonizar a nossa vibração.

SEXO E AMOR

Toda vez que determinada pessoa convida outra à comunhão sexual ou aceita de alguém um apelo nesse sentido, em bases de afinidade e confiança, estabelece-se entre ambas um circuito de forças, pelo qual a dupla se alimenta psiquicamente de energias espirituais em regime de reciprocidade. Podemos questionar: Sem amor, porque querer nos ligar a alguém que pouco ou nada conhecemos?

O verdadeiro amor não é possessivo e não busca incessantemente o sexo, pois por si só já é desapegado e fonte inesgotável de prazer. Porém, atualmente, quando se fala de amor, se fala de satisfação de carências do ego. Ama-se com o cérebro e não com o coração.

Ser atraente sexualmente e "livre" é a moda atual e vive-se em busca de valores sensoriais. Na falta de uma maneira mais profunda de se viver, mergulha-se no prazer dos sentidos como um fuga, e o sexo é o maior desses prazeres. A sexualidade que deveria ser uma ponte à níveis mais elevados de consciência, perde-se no instinto e no apego sensorial, e erra o alvo correto que deveria ser a espiritualidade e a ligação espiritual/amorosa entre dois seres.

SEXO, FREUD E A MÍDIA

Desde o advento da psicanálise, com Sigmund Freud, o homem descobriu que entre os processos psicológicos havia uma interpenetração de fatores sexuais. Freud, entretanto, atribuia a esses fatores sexuais as causas dos processos psicopatológicos. O seu trabalho foi importante porque mostrou como o fator sexual pode entrar no homem, manipulando-o a vontade para fazer dele um indivíduo melhor, pela psicoterapia.

No entanto, como todo conhecimento humano é bem e mal utilizado, a grande onda de sensualismo que a mídia nos impõe, vem dessa manipulação. O interesse não é outro senão ganhar dinheiro e criar postos de poder, pois utilizam-se para isso, pontos da fraqueza humana que foram descobertos com finalidades terapêuticas para induzir o indivíduo à dependência psíquica, infelizmente. Como fizeram com a pólvora - inventada para fins úteis - em guerras, fizeram dos conhecimentos da sexualidade nos mecanismos psicológicos de Freud, máquinas de ganhar dinheiro e poder, usando manipulação e dependência.

SEXO E (AUTO)RESPONSABILIDADE

Se não dominarmos nossos impulsos sexuais, poderemos ser prejudicados pelas amarras cármicas por onde fluem sentimentos entre as pessoas conectadas pelas relações sexuais. Por exemplo, se dormirmos com uma pessoa mal humorada, com crises de depressão, ou com muita raiva, passamos a vivenciar essas pesadas emoções de nosso(a) parceiro(a). Muitas vezes, inclusive, começamos a apresentar o mesmo comportamento daquele(a)...

Seria mais inteligente de nossa parte escolher com cuidado nossos(as) parceiros(as). O estado emocional que experenciarmos na hora da relação, será o que iremos implantar em nossos(as) companheiros(as). Antes de nos envolvermos com alguém, devemos ponderar amorosamente o que isso vai gerar na outra pessoa e em nós mesmos. Por isso, conhecer o caráter dessa pessoa, torna-se importante em toda relação de entrega íntima.

Sexo é espírito e vida a serviço da felicidade e da harmonia do universo. Consequentemente, reclama responsabilidade e discernimento, onde e quando se expresse. Por isso mesmo, o indivíduo precisa e deve saber o que fazer com com a sua energia sexual, observando como, com quem e para quem se utiliza de tais recursos, entendendo-se que todos os compromissos na vida sexual estão igualmente subordinados à Lei de Causa e Efeito; e, segundo esse exato princípio, de tudo o que dermos a outrem no mundo afetivo, outrem também nos dará.

CONCLUSÃO

Sem "fórmulas prontas" a respeito do comportamento sexual humano, o que na verdade não existe, deixemos que Emmanuel, através da psicografia de Chico Xavier, conclua com a sensibilidade e a visão dos grandes mestres: "Diante dos sexo não nos achamos à frente de um despenhadeiro para as trevas, mas perante a fonte viva das energias em que a sabedoria do universo situou o laboratório das formas físicas e a usina dos estímulos espirituais mais intensos para a execução das tarefas que escolhemos, em regime de colaboração mútua, visando ao rendimento do progresso e do aperfeiçoamento entre os homens"

FONTES DE CONSULTA

"Vida e sexo", Emmanuel/chico xavier

"A energia sexual", por Claudio Azevedo (www.orion.med.br/portal)

"A energia sexual e a espiritualidade", por Maria C. Zacharias (www.pedacinhosdeluz.blogspot.com)

sábado, 10 de abril de 2010

A importância da lucidez em nossas vidas!

A importância da lucidez em nossas vidas!
Ser lúcido é ver com transparência e compreender ou exprimir claramente algo que se tem clareza. Portanto, os níveis de "percepção da realidade", independem da dimensão a qual se encontra o indivíduo. Quanto mais lúcido o ser inteligente, mais apurada é a sua percepção. E nesse sentido, o autoconhecimento associado à sintonia elevada, são indicativos de que o indivíduo possui um bom nível de conscientização em relação a si mesmo e em relação às realidades dimensionais que fazem parte de sua existência.

E nesse processo evolutivo, a percepção apurada é a responsável pelos níveis de comunicação tanto no plano físico como no plano espiritual. A lucidez e o discernimento - via percepção sensorial e suprasensorial -, associado à sintonia elevada, fazem da consciência uma ferramenta de trabalho em prol dos necessitados de ajuda por encontrarem-se desarmonizados e distante de si mesmos.

No entanto, não basta termos o funcionamento normal das atividades mentais, se não tivermos a percepção da transcendência, ou seja, da imortalidade do espírito, uma vez que o ideal é conquistarmos a "translucidez" ou a consciência de que seja na dimensão em que estivermos, estaremos sempre perceptivos e lúcidos para interagirmos com seres compatíveis com a nossa sintonia ou com aqueles que necessitam de nosso auxílio.

As psicoterapias tradicionais, em geral, estão voltadas para a aplicação de técnicas que visam resgatar no indivíduo em tratamento, a lucidez fundamentada no funcionamento normal das atividades mentais.

As psicoterapias alternativas, em geral, direcionam a técnica investigativa do inconsciente além da situação intra-uterina do indivíduo, estimulando, dessa forma, a percepção - e a lucidez - além da fronteira dos cinco sentidos.

Contudo, tanto a memória cerebral, que contém importantes informações da vida atual, quanto a memória extracerebral que reúne valiosas informações de vidas passadas, são imprescindíveis no sentido de apurar a percepção do indivíduo e auxiliá-lo a elaborar um melhor nível de lucidez em relação à sua própria existência sentida como um todo indivizível...

O livro "Vozes da outra margem" que reúne mensagens psicografadas por Chico Xavier em Uberaba, revela-nos no capítulo quatro, "Atividades de um psiquiatra no além", a importância de cultivarmos a lucidez e investirmos no conhecimento durante as nossas experiências terrenas. É o que veremos a seguir, que são trechos extraídos de duas cartas psicografadas pelo médium espírita mineiro.

SEGUNDA CARTA

Na sua segunda carta dirigida à família, o Dr. Luiz Antonio Biazzio informa-nos algo interessante a respeito da psicologia: "O estudioso de problemas psicológicos encontra aqui um campo aberto às mais valiosas investigações. Se me fosse possível, aconselharia à família querida e a todos os nossos irmãos da humanidade. Aconselharia a cada um retirar alguns minutos de cada dia para indagar de si próprio o que está realmente fazendo para auxílio do próximo".

E segue o relato de suas impressões: "A luta em nossas paisagens espirituais ainda é grande pela necessidade de alijar dos amigos desencarnados recentemente, a carga por vezes pesada das falsas impressões que trazem do plano existencial de que procedem. Sou aqui um pequeno estudioso da análise psicológica dos numerosos que afluem da Terra. Muitos se sentem ainda na profissão que exerceram, outros são proprietários de terras que estão longe de se sentirem desligados da posse de bens que possuíam, gerando alucinações que é preciso curar pacientemente. Amigos que supunhamos orientados com clareza e segurança nos negócios a que se ajustavam no mundo, vêm perguntar por devedores e credores, interesses e lucros em que se julgam prejudicados, e a tarefa é muito grande no sentido de lhes prestar as informações necessárias. Os medicamentos mais eficazes são a paciência e o amor com que lhes tentamos alcançar os corações para renovar-lhes os sentimentos".

E conclui, o Dr. Luiz Antonio Biazzio: "A maioria dos irmãos recém-desencarnados alcançam a espiritualidade quase que na condição de alienados mentais, reclamando estágios de entendimento e revisão de tudo que vivenciaram na Terra, de modo a se desprenderem das posses que unicamente lhes serviam segundo certidão de identidade de que dispunham na vida física".

TERCEIRA CARTA

O conteúdo dessa mensagem é mais elucidativo no sentido de sua tarefa enquanto portador de conhecimentos ligados à psiquiatria: "Os meus estudos médicos não se perderam. Já estou trabalhando numa equipe de amigos que se entregaram com fé em Deus e coração aberto, à tarefa de reconfortar os doentes, especialmente aqueles que ainda se caracterizam por extensos distúrbios mentais. Vejo-me nas áreas de uma psiquiatria nova, em que os enfermos são amparados, a começar pela compreensão acerca deles mesmos, a fim de que nos habilitemos a liberá-los das perturbações a que ainda se mostram sujeitos...".

COMENTÁRIO

Na verdade, não percebo fundamental diferença nas funções que executo como psicoterapeuta Interdimensional em meu consultório, e como dirigente mediúnico na casa espírita que frequento há vários anos. As duas funções exigem a percepção de momento como ferramenta de trabalho no sentido de ajudar o ser inteligente a elaborar a percepção a respeito de si mesmo, pois é através da auto-percepção do indivíduo inserido em sua realidade dimensional - material ou espiritual - que o mesmo atinge o nível de lucidez necessário para compreender o verdadeiro significado da vida.

Tanto na realidade física como na realidade espiritual, as perturbações psíquico-espirituais são as mesmas, pois o desequilíbrio faz a diferença quando o ser inteligente não encontra-se lúcido o suficiente para compreender a sua real situação.

Nestes casos, que são inúmeros e que pertencem às duas dimensões da natureza hominal, a psicoterapia torna-se fundamental no sentido - como referiu-se o Dr. Luiz Antonio - de "renovar-lhes os sentimentos", pois é através da renovação de sentimentos que nos libertamos do pesado fardo do passado e adquirimos a lucidez para nos situarmos com segurança psicológica na dimensão em que estivermos. A partir deste momento existencial, atingimos a consciência ideal e tornamo-nos independentes e libertos de nós mesmos, pois a vida, para todos os seres inteligentes do universo tem um significado em comum, que é alcançar um estado de plena felicidade no UNO.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Filhos são como passarinhos!



A natureza é pródiga com ele que vem ao mundo como um ser totalmente dependente e carente de atenção e amor, pois reúne, em uma só criaturinha, todos os "ingredientes" para despertar em seus responsáveis diretos, sentimentos necessários para que o vínculo do amor se fortaleça.

Contentes, mas algumas vezes apreensivos, acompanhamos o seu desenvolvimento infantil. Seus primeiros passos têm para nós o significado dos primeiros movimentos para a vida, da preparação do "alçar vôo" em busca da independência futura. As primeiras palavras, "mama", "papa", soam como afinadíssimos violinos na sinfonia da vida.

E as fases, uma após a outra, vão passando. Quando nos damos conta, já estão na adolescência a questionar o mundo à sua volta. Paciência, pai! Paciência, mãe! "Haja paciência!" dizemos para nós mesmos. Quase esquecemos (ou não sabemos) que são apenas espíritos, velhos conhecidos de vivências anteriores tentando entender o que estão fazendo neste mundo que parece-lhes não fazer muito sentido.

E a fase turbulenta da adolescência também passa, pois começam a perceber que os companheiros de jornada, os pais, não serão eternos viventes ao seu lado e que cedo ou tarde as necessidades da vida lhes cobrará responsabilidades e atitudes de crescimento pessoal e consciencial.

No entanto, como passarinhos crescidos, mas não totalmente independentes, vão ficando no ninho que mal cabem, porque ali ainda é o porto seguro para a execução de planos de vôos mais altos rumo à dinâmica da vida.

E de repente, o passarinho começa a bater asas, a exercitar o mecanismo do vôo, embora ainda sinta medo de desligar-se completamente da segurança e do aconchego do ninho. E não mais que de repente, o passarinho cria coragem em relação ao enfrentamento dos riscos de sua ousada atitude... e alça vôo rumo à independência, em direção à liberdade um tanto desconhecida e ainda misteriosa.

Nossos filhos, na verdade, como disse Kalill Gibran: "Não são nossos filhos, são filhos e filhas da vida desejosa de si mesma". Porque, mesmo que tenhamos laços afetivos intensos ou afinidades espirituais, eles são individualidades que devem seguir seus caminhos conforme orientam as suas consciências.

A nossa fase de influência na sua formação termina quando começa a adolescência, porque durante e após este período, eles começam a processar internamente, baseado em traços de caráter que trazem de outras vidas, somado à influência de valores transmitidos pelos pais via educação, o direcionamento para as suas próprias existências.

E essa é a sina do ser humano, é o ciclo vital que direciona-nos para as experiências próprias e únicas em convívio com as demais individualidades. Ninguem é definitivamente de ninguém. Ninguém pertence a ninguém. A liberdade de pensar e agir por conta própria em vôos mais altos ou mais baixos da condição humana, pertence, isso sim, à consciência e, principalmente, às escolhas definidas por cada individualidade.

No entanto, acima de tudo, o amor é a energia que permanece como sentimento de gratidão e de respeito mútuo. É a energia que nos acompanha e que continua a envolver-nos nos eventuais retornos ao aconchego da família novamente reunida. Quando isso acontece, para os pais, é sinal que os passarinhos aprenderam a alçar com segurança vôos altos... e cada vez mais altos!

"No pensamento goza o homem de ilimitada liberdade, pois que não há como pôr-lhe peias. Pode-se-lhe deter o vôo, porém não aniquilá-lo!"
Sobre a liberdade do pensar, em O Livro dos Espíritos.


Psicanalista Clínico e Interdimensional
www.flaviobastos.com

quinta-feira, 11 de março de 2010

Sobre homens, cães e o amor!

Sobre homens, cães e o amor!

"O conhecimento da verdadeira natureza espiritual do homem e de sua responsabilidade, é instrumento poderoso de progresso moral. Talvez o mais eficiente para reduzir o descompasso claramente perceptível entre aquele e o progresso intelectual. Um e outro hão de se aproximar, no dia em que, definitivamente, se compreender que inteligência sem ética é como uma árvore sem flores e sem frutos" (Milton Moreira)

A natureza, a qual pertencemos, é referência para os nossos aprendizados. É no ambiente natural selvagem ou no ambiente doméstico que observamos como vivem outras espécies do reino animal.

Os cães adultos, por exemplo, são organizados e até minuciosos quando se trata da educação de seus filhotes. Quando estes nascem, inicia-se a fase de amamentação associada à hábitos de higiene do ninho, quando a mãe, instintivamente, providencia a higiene de seus filhotes e a limpeza do local onde eles ficam, lambendo as fezes e a urina dos mesmos.

Com o passar do tempo, a amamentação vai cessando, assim como a higiene dos filhotes e a limpeza do ninho. Os cãezinhos, então, passam a imitar a mãe - e o pai - que fazem suas necessidades fisiológicas em locais afastados de onde a família passa a maior parte do tempo.

A partir dos sessenta dias de vida, a mãe praticamente dá como encerrada a sua instintiva missão de educadora, ou seja, os filhotes saem em busca de alimento e entram na fase da "independência" - e da sobrevivência - orientados pelo próprio instinto.

Guardadas as devidas proporções, é óbvio, mais ou menos dessa forma deveria ser a relação entre os humanos durante a fase afeto-aprendizado entre pais e filhos...

Um dia destes, estava observando a relação de uma cadela de rua com os seus filhotes de aproximadamente dois meses de vida, e comparando ao relacionamento da minha cadelinha e seus filhotes que tem o mesmo tempo de vida. A orientação instintiva é a mesma, inclusive o lúdico entre eles é muito semelhante - praticamente igual -, o que difere dos humanos no sentido de uma certa confusão (ou insegurança...) na escolha de valores que fazem parte do processo educativo de nossas crianças.

É curioso... porque a natureza hominal, dotada de inteligência, emoções e sentimentos, costuma complicar-se quando o assunto é "educação dos filhos", enquanto a natureza animal, considerada despossuída de inteligência e razão, segue há milenios um padrão seguro durante a fase em que os filhotes mais precisam de cuidados dos pais.

Outra diferença fundamental entre as duas espécies, é o afeto (ou amor...) que na natureza animal acontece em "doses homeopáticas" e de uma forma equilibrada na relação pais-filhos, enquanto na natureza hominal ou falta amor nessa relação, ou o amor acontece em "doses exageradas"... ou ainda, através de uma relação bem menos comum, que é a harmonia entre relação afetiva e ação educadora.

As diferenças, ao que tudo indica, parecem estar no nível evolutivo das espécies, onde o homem ocuparia o topo da pirâmide natural, o que obrigaria a espécie a evoluir em busca do amor, cujo significado ele ainda desconhece em sua plenitude...

Enquanto esse encontro cósmico não acontece, as complicadas relações de amor do ser inteligente, acabam por sufocar o seu processo de autoconhecimento, porque o amor que é de menos sufoca, e amor que é demais também sufoca. Portanto, o desafio humano é encontrar o amor equilibrado ou o "caminho do meio" que liberta e permite a expansão consciencial através do autodescobrimento.

No entanto, por sermos seres potencialmente diferenciados das demais espécies da natureza terrena, é estranho que tenhamos de aprender com a harmonia nas relações de afeto e de aprendizagem das espécies menos evoluídas do que nós...

Parece-nos que com o passar dos milenios, a inteligência humana em parte "conspira" a nosso favor através da expressão artística, das descobertas científicas, do bom humor e, especialmente, do impressionante avanço tecnológico das últimas décadas. Por outro lado, a inteligência humana conspira contra quando trata-se de associar ciência e transcendência no sentido de explicar o significado da vida sob o prisma das múltiplas vivências do espírito imortal.

É exatamente nesse ponto que diferenciamos de nossos irmãos "irracionais". Precisamos entender que sem o estudo de nossa espiritualidade, pouco saberemos a respeito de nós mesmos e do significado da vida. E, nesse sentido - por enquanto - a nossa inteligência em nada supera a natureza animal no que diz respeito ao instinto de sobrevivência e de perpetuação da espécie...

Necessitamos avançar enquanto sociedade que estimula valores éticos e espirituais nas suas relações humanas, porque é estimulando valores imprescindíveis na educação de nossos filhos, que teremos futuramente, adultos mais saudáveis, felizes e realizados.

Psicoterapeuta Interdimensional

www.flaviobastos.com