sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Diante do túmulo de Allan Kardec

Diante do túmulo de Allan Kardec


"Os espíritos anunciam que chegaram os tempos marcados pela Providência para uma manifestação universal e que, sendo eles os ministros de Deus e os agentes de sua vontade, têm por missão instruir e esclarecer os homens, abrindo uma nova era para a humanidade" (Allan Kardec)

O que está por trás da aparência física representa a verdade de cada um. Somos o resultado de nossas obras, e nessa direção, ajudamos ou não a iluminar o caminho de outras pessoas.

Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, foi um espírito que iluminou muitos caminhos com a mensagem da verdade e da libertação do mal que reside em nós mesmos. Mensagem que não deixa dúvidas sobre a sua autenticidade, à medida que, ao estudarmos as obras básicas, não encontramos incoerência, contrasenso ou contradições.

Visitar o túmulo de Alan Kardec no cemitére du père lachaise em uma ensolarada manhã de um inverno parisiense, foi uma das maiores emoções de minha vida. Solitário diante de um túmulo simples, construído com blocos sobrepostos de granito, mas embelezado por vasinhos de flores multicoloridas ali colocados e mantidos por espíritas e simpatizantes, era inevitável segurar a emoção que fluia ao sentir a energia que irradiava do local.

No entanto, ao visitarmos o túmulo de Hyppolyto León Denizard Rivail, sentimos que naquele espírito imortal cujos restos mortais ali jazem, existe uma gigantesca obra da qual ele foi apenas um intermediário. Não vamos homenageá-lo no sentido da idolatria ou do culto à personalidade, e sim, em relação aquilo que ele representou durante a sua breve passagem entre nós: um homem de caráter e de fibra, que aceitou sem vacilar, um desafio quase impossível - mas necessario - para a sua época.

Portanto, estar diante do túmulo de Kardec, é regredir aos primórdios da humanidade e refazer a sua trajetória até os dias atuais, onde, naquele pequeno espaço de concreto, flores e luz... muita luz, encontra-se o homem e a sua verdade... que é a verdade de cada um de nós.

Como não estamos eternamente solitários e o mundo é "pequeno", chega junto ao túmulo, um casal dialogando em portugues. Logo reconheço o sotaque do sul do Brasil e ofereço-me para tirar fotos. Iniciamos um diálogo de reconhecimento de origens, e como nada acontece por acaso, o casal era de Porto Alegre e residente na mesma rua onde localiza-se o centro espírita que frequento há muitos anos.

No fluir da conversa, ao ser informado de que encontravam-se afastados do espiritismo há algum tempo, convido-os a participarem das atividades da casa quando retornarem a Porto Alegre. Para minha surpresa, recebo a resposta de que essa era a intenção quando resolveram, em passagem por Paris, visitar o túmulo de Kardec. Mas que agora, diante das "coincidências" daquele encontro, não seria mais intenção, e sim, uma certeza.

Após um diálogo fraterno, espíritos que comungam um mesmo ideal, abraçam-se numa despedida de momento, visto que o resultado deste breve encontro, resulta em reencontro no assumir de tarefas que compete a cada trabalhador dentro de uma casa espírita. Trabalho que deve ser ser encarado com entusiasmo e alegria de servir.

O recado dos espíritos superiores através de Allan Kardec, é muito claro ao alertar-nos de que ninguém é melhor do que ninguém, principalmente ao exercermos um cargo ou função que represente na escala de valores criada pelo homem, hierarquia ou poder sobre os demais.

O poder, a partir da mensagem de Kardec, revela-se uma zona de risco e, ao mesmo tempo, de testagem de nossas verdadeiras intenções, à medida que encontra-se latente em nós, o orgulho, a vaidade, o egoísmo e a prepotência. Exercer o poder, portanto, seja no nível que for, desde o papel de educador ao de governante de uma nação, exige muito discernimento para que não se repitam erros cometidos no passado.

Diante do túmulo de Kardec, passa a história, o presente e o futuro da humanidade. O concreto de blocos sobrepostos de granito, representa a firmeza de caráter. As flores, representam a alegria da vida e a esperança no futuro. A energia do local, algo que nos sensibiliza profundamente e estimula-nos a desafiar medos e inseguranças.

Contudo, não precisamos ir à Paris ou à Índia para adentrarmos no portal de luz do autoconhecimento. A mensagem de Cristo, retransmitidas por Siddartha Gautama, o Buda e por Allan Kardec, o codificador, representam aquilo de que precisamos para aceitar que somos espíritos em busca da verdade no UNO.

Diante da magnitude de tais obras, fica a certeza absoluta de que a vida flui muito além da morte.