sábado, 4 de setembro de 2010

A porta entreaberta

A porta entreaberta

A porta entreaberta



"Cultivemos o bem, eliminando o mal. Façamos luz onde a treva domine. Conduzamos harmonia às zonas em discórdia. Ajudemos a ignorância com o esclarecimento fraterno. Seja o amor ao próximo nossa base essencial em toda a construção no caminho evolutivo" (Emmanuel)

É prática comum nos grupos mediúnicos espíritas, principalmente os que estão iniciando o trabalho após uma fase de estudos, inconscientemente, direcionar o atendimento no sentido seletivo, ou seja, disponibilizar a manifestação de espíritos que estejam somente desorientados em relação ao desencarne, ou ainda, aqueles irmãos mais evoluídos que passam pela reunião para transmitir uma mensagem ao grupo de trabalhadores.

No entanto, mesmo não sendo uma reunião mediúnica de desobsessão, quando encarnados e desencarnados mantém vínculo obsessivo que exige dos trabalhadores experientes muito empenho na libertação desses irmãos comprometidos com o passado, a reunião mediúnica de trabalhadores iniciantes ou mesmo antigos, exige que a "porta" esteja completamente aberta para que todos os irmãos, indistintamente, sejam bem vindos.

O trabalho mediúnico é sempre acompanhado por uma equipe espiritual co-responsavel pelos atendimentos, porém, se o dirigente e os médiuns da reunião não estiverem pré-dispostos ou psicológicamente preparados para o atendimento de irmãos que se apresentam com postura agressiva, desafiadora, manipuladora e de índole perversa, a equipe espiritual evitará que esses espíritos se manifestem através dos médiuns que compõem o grupo de encarnados.

Alerta-nos Emmanuel, através da pscografia de Chico Xavier, em "Vinha de luz", que "A gleba imensa de Cristo reclama trabalhadores devotados, que não demonstrem predileções pessoais por zonas de serviço ou gênero de tarefa". Por isso, torna-se importante o preparo psicológico do dirigente mediúnico e dos médiuns para o atendimento de quem visitar ou for levado à casa espírita com o objetivo do esclarecimento. A porta deve estar sempre aberta para o propósito de uma reunião mediúnica, seja de desobsessão ou não, assim como o acesso deve ser garantido ao encarnado que procura o serviço de atendimento fraterno, seja o caso que for.

Somos todos espíritos devedores, e os irmãos da equipe espiritual sabem que a nossa condição espiritual é um fator de identificação (afinidade vibratória) e de aproximação de espíritos para que ocorra a interação com encarnados durante uma reunião mediúnica. Se nos mostrarmos, mesmo inconscientemente, temerosos e despreparados para a tarefa, esses irmãos não chegarão até nós para o devido atendimento.

No entanto, se nos tornarmos mais receptivos, através da energia do chacra cardíaco, é sinal de que naquela reunião mediúnica existe uma porta aberta para todos os irmãos que por ali desejarem adentrar...

Uma reunião mediúnica kardecista, não é um ritual de evocação de espíritos "malévolos" ou de espíritos adiantados na escala evolutiva. É somente uma reunião à serviço do Amor Maior, onde cada integrante encarnado deve doar um pouco de amor fraterno no atendimento daqueles que procuram por Luz ou que ainda encontram-se perdidos na energia do orgulho, da vaidade e do egoísmo.

Quando em uma reunião mediúnica apresentam-se espíritos de diversos níveis evolutivos, é sinal de que os trabalhadores encarnados estão cumprindo com o propósito da tarefa, que é atender, indiscriminadamente, todos os irmãos que ali forem conduzidos pela equipe espiritual ou que se manifestarem de livre e espontânea vontade.

É tão importante e valiosa a nossa contribuição, que trabalhamos mais do que imaginamos, pois, muitas vezes, somos convocados durante o sono para o atendimento de irmãos que desencarnam em situações trágicas e, geralmente, indivíduos ainda jovens que deixam a vida sem entenderem os motivos.

No século dezenove, registrava Kardec: "O mal é a ausência do bem", isto é, o mal somos nós perdidos no labirinto de nossas próprias imperfeições. E se não tivermos a oportunidade do "acolhimento" mediante a nossa manifesta vontade de mudar, seguiremos da trilha da ilusão por tempo indeterminado.

Portanto, a porta da reunião mediúnica não deve estar entreaberta, e sim, totalmente aberta, receptiva, acolhedora para atender a demanda do trabalho que não é pouco, pois o nível de exigência aumenta à medida que o grupo de encarnados encontra-se harmonizado e comprometido com a tarefa de orientar, socorrer, esclarecer e encaminhar em conjunto com a equipe espiritual.

Um dos recursos que tem o dirigente mediúnico em casos de espíritos que apresentam-se rebeldes, orgulhosos, vingativos ou provocativos e agressivos, é convidá-los a compreender, através da regressão, o que ocorreu no passado em relação aos seus desequilíbrios na esfera das emoções e sentimentos.

Dialogar com o irmão desencarnado através do médium que lhe dá passagem, deve representar uma relação terapêutica e, ao mesmo tempo, uma relação de pai ou mãe com o filho ou filha. E o conjunto dos integrantes que estão envolvidos nessa difícil mas gratificante tarefa, deve representar o abraço acolhedor de uma família que recebe de porta aberta, o filho que retorna à casa do pai.