terça-feira, 3 de abril de 2012

Somos todos andarilhos

  


Imaginemos um caminho, uma estrada, um rumo que nos leva ao desconhecido, ao inimaginável. Imaginemos também, no início e em cada lado desta estrada, duas antigas casas, uma igual à outra.

As casas, na imagem mental ou visual, significam simbólicamente o conforto e aconchego do útero materno. Expressam a segurança e a tranquilidade do estar sempre bem protegido e guardado.

As casas, no entanto, podem representar também os nossos condicionamentos mentais e comportamentais herdados pela influência do aspecto conservador e tradicional da nossa educação. Podemos levá-los conosco nesta caminhada muitas vezes solitária chamada vida, como podemos do mesmo modo, mudarmos de atitude diante desta estrada deixando os exageros do conservadorismo para trás. A decisão será sempre nossa.

A estrada, que começa entre as duas casas, representa o caminho da vida de cada um de nós. Significa o "estar fora" da comodidade e proteção intra-uterina e disponível para a grande jornada de ida; de desafios e de aprendizagens; de tropeços, quedas e erguimentos.

O que nos espera esta longa trajetória? O que há além do caminho? São indagações e angústias comuns na cabeça de quem, conscientemente, decide sair das casas e enfrentar o caminho da aventura existencial.

À medida que nos projetamos da segurança das casas, como um andarilho confiante ou inseguro no seu rumo, independente da nossa vontade, somos impelidos a caminhar por esta estrada a procura de desafios e enfrentamentos que possam nos trazer em benefício, situações que, inconscientemente representem a segurança psicológica das casas do nosso passado original. Somos eternos andarilhos a procura de situações que satisfaçam os nossos instintos básicos de sobrevivência e que preencham vazios de amor e afeto extraviados ao longo do caminho percorrido em busca de crescimento.

Mas o que há além da estrada da vida? Uma parada necessária para o refazimento e o descanso; para a avaliação das experiências vivenciadas ao longo da trajetória recém finda; para o reencontro consigo mesmo e com velhos companheiros de caminhadas anteriores. Nesta parada o andarilho descansa e se prepara para nova jornada no contexto vital e natural do crescimento consciencial.