sexta-feira, 24 de junho de 2011

Deixa que digam, que pensem, que falem!

Deixa que digam, que pensem, que falem!



No trabalho terapêutico, costumo me deparar com casos em que as maledicências, infelizmente comuns ao ser humano, afetam psiquismos mais sensíveis à interferência de energias, que consciente ou inconscientemente, tornam-se "armas" potencialmente agressivas.

Em alguns casos em que o indivíduo é diagnosticado como portador de delírio persecutório, ou seja, tem a sensação de que é perseguido ou que pessoas à sua volta estão falando mal dele ou de outra pessoa da família, a regressão de memória é indicada no sentido de investigar as origens do sofrimento psíquico.

O caso clínico que abordarei a seguir, trata-se de um típico exemplo de que não devemos nos precipitar nos diagnósticos sem buscar mais a fundo as suas causas.

Renato, muito nervoso, chega ao consultório carregando o fardo de "psicótico", portador de delírio persecutório. O recente diagnóstico, acompanhado de tratamento químico, deixa-o preocupado com a sua saúde e com seu futuro, já que é um jovem adulto.

No entanto, conforme verbaliza na primeira consulta, percebo nas entrelinhas de sua fala, a sintonia do remoto passado associado às experiências de buiylling ocorridas na infância da vida atual.

A suspeita imediata é de que Renato tornara-se o resultado de traumas psíquicos associados, isto é. experiências traumáticas de outras vidas somadas aos traumas dessa vida, em que o "delírio persecutório" é o reflexo da sintonia em forma de sofrimento psíquico.

Na sequência do atendimento, à medida que o processo terapêutico foi estabelecendo conexões interdimensionais, Renato sente-se mais relaxado com a situação em si e mais confiante na proposta da regressão de memória, que foi agendada com o seu consentimento.

No dia da regressão, ele encontra-se incrívelmente calmo e confiante na experiência. Antes mesmo do término dos procedimentos iniciais, Renato regride a uma vida em que fora, injustamente, acusado de traidor. Encarcerado em uma masmorra medieval, sofre uma série de humilhações até ser condenado e executado em praça pública.

Esse trauma psíquico associado aos traumas do buiylling da infância atual, agiu de forma danosa em seu inconsciente, influenciando no seu comportamento social e limitando o seu potencial no sentido dos estudos e da atividade profissional, pois a desconfiança e o medo de se expressar socialmente fora o resultado de sua sintonia intervidas que deixara-lhe "feridas" até então incuráveis.

Com a sequência das sessões de psicoterapia interdimensional, Renato começa a elaborar a sua experiência regressiva em relação ao seu diagnóstico, melhorando considerávelmente a sua percepção de momento vital. Já consegue discernir com facilidade e compreender que o seu sofrimento psíquico é resultado de seu passado e que por isso, deve reagir no sentido contrário a essa sintonia se quiser livrar-se de seu desconforto.

Convencido a não valorizar comentários maldosos a seu respeito ou a respeito de pessoas de seu convívio diário, Renato adota, aos poucos, uma atitude de indiferença consciente em relação às energias que antes o desestabilizavam.

À medida que de uma forma elaborativa o delírio persecutório deixa de ter uma origem desconhecida para revelar-se à luz da consciência, o problema começa a "morrer" com o seu passado de experiências psíquicamente traumáticas.

Hoje, Renato conquistou uma certa paz de espírito e um foco cujo desdobramento contempla a percepção de sua interdimensionalidade que foi fundamental para o corte da sintonia com o passado. Caso contrário, ele estaria ainda nervoso e agustiado com o seu futuro repleto de incertezas e medos.

Recentemente, questionado sobre as maledicências que são inevitáveis quando convive-se com a heterogeneidade humana, Renato saiu-se com surpreendente bom humor ao cantarolar parte da letra de uma música que fez sucesso no passado: "Deixa que digam, que pensem, que falem...".

Obs: o verdadeiro nome da pessoa foi preservado.