domingo, 11 de abril de 2010

Cuidado com a energia sexual!

Cuidado com a energia sexual!

Energia sexual é energia criativa que move a vida, nossas vontades e desejos" (Carl Gustav Jung)

O objetivo desse artigo não é julgar moralmente o praticante do sexo casual ou adeptos das demais modalidades sexuais ditas não "convencionais", mas resgatar do milenar ensinamento filosófico-religioso taoista da China antiga, do também milenar conhecimento tântrico indiano e do secular espiritismo, algumas informações e tópicos que sejam compatíveis com o tema escolhido para o texto. É o que veremos a seguir.

O sexo, admirável fonte de felicidade e prazer, devido ao fácil apego que gera, sempre foi causa também de sofrimentos e deturpações. Prostituição e exploração sexual existem desde tempos imemoriais, mas atualmente adquiriram uma dimensão tal que o sexo, associado à propaganda, estimulado pela mídia e incentivado como uma maneira de viver, desviou-se totalmente da fonte de alegria e prazer que sempre foi.

A banalização do sexo veio como consequência da banalização do amor. Não deveria haver problemas ou proibições religiosas, exigências de celibato ou cobranças de fidelidade, mas como se perdeu a noção do que seja o amor e esse foi substituído pelo apego, gerando ciúmes, vinganças e desejos irrefreados de repetição do prazer sexual, o sexo acabou se tornando um problema a ser enfrentado e combatido.

SEXO, PERMUTA DE ENERGIAS

Sempre que corpos se unem num beijo, num abraço ou até num simples toque, ocorre uma troca de energias. Se a união é sensual, num beijo ou num ato sexual, a liberação energético-informativa hormonal que ocorre, estimula todas as células do corpo e torna a transferência energética muito mais intensa. A relação sexual é uma troca íntima de fluidos vitais, hormônios e energia sutil. O climax, no orgasmo, é o ápice na formação de um vínculo energético entre os parceiros. Cria-se, então, uma memória energética celular comum, um evento que liga permanentemente os dois parceiros.

Desse ponto de vista não há sexo seguro, pois sempre há troca e vínculo energéticos que fazem com que o(a) parceiro(a) permaneça em nós. Dessa forma, como dentro da experiência sexual há uma troca química, hormonal e energética profunda, se o ato sexual é efetuado com pessoas fora de sintonia com a nossa frequência pessoal, todo o "lixo" daquela pessoa virá para desarmonizar a nossa vibração.

SEXO E AMOR

Toda vez que determinada pessoa convida outra à comunhão sexual ou aceita de alguém um apelo nesse sentido, em bases de afinidade e confiança, estabelece-se entre ambas um circuito de forças, pelo qual a dupla se alimenta psiquicamente de energias espirituais em regime de reciprocidade. Podemos questionar: Sem amor, porque querer nos ligar a alguém que pouco ou nada conhecemos?

O verdadeiro amor não é possessivo e não busca incessantemente o sexo, pois por si só já é desapegado e fonte inesgotável de prazer. Porém, atualmente, quando se fala de amor, se fala de satisfação de carências do ego. Ama-se com o cérebro e não com o coração.

Ser atraente sexualmente e "livre" é a moda atual e vive-se em busca de valores sensoriais. Na falta de uma maneira mais profunda de se viver, mergulha-se no prazer dos sentidos como um fuga, e o sexo é o maior desses prazeres. A sexualidade que deveria ser uma ponte à níveis mais elevados de consciência, perde-se no instinto e no apego sensorial, e erra o alvo correto que deveria ser a espiritualidade e a ligação espiritual/amorosa entre dois seres.

SEXO, FREUD E A MÍDIA

Desde o advento da psicanálise, com Sigmund Freud, o homem descobriu que entre os processos psicológicos havia uma interpenetração de fatores sexuais. Freud, entretanto, atribuia a esses fatores sexuais as causas dos processos psicopatológicos. O seu trabalho foi importante porque mostrou como o fator sexual pode entrar no homem, manipulando-o a vontade para fazer dele um indivíduo melhor, pela psicoterapia.

No entanto, como todo conhecimento humano é bem e mal utilizado, a grande onda de sensualismo que a mídia nos impõe, vem dessa manipulação. O interesse não é outro senão ganhar dinheiro e criar postos de poder, pois utilizam-se para isso, pontos da fraqueza humana que foram descobertos com finalidades terapêuticas para induzir o indivíduo à dependência psíquica, infelizmente. Como fizeram com a pólvora - inventada para fins úteis - em guerras, fizeram dos conhecimentos da sexualidade nos mecanismos psicológicos de Freud, máquinas de ganhar dinheiro e poder, usando manipulação e dependência.

SEXO E (AUTO)RESPONSABILIDADE

Se não dominarmos nossos impulsos sexuais, poderemos ser prejudicados pelas amarras cármicas por onde fluem sentimentos entre as pessoas conectadas pelas relações sexuais. Por exemplo, se dormirmos com uma pessoa mal humorada, com crises de depressão, ou com muita raiva, passamos a vivenciar essas pesadas emoções de nosso(a) parceiro(a). Muitas vezes, inclusive, começamos a apresentar o mesmo comportamento daquele(a)...

Seria mais inteligente de nossa parte escolher com cuidado nossos(as) parceiros(as). O estado emocional que experenciarmos na hora da relação, será o que iremos implantar em nossos(as) companheiros(as). Antes de nos envolvermos com alguém, devemos ponderar amorosamente o que isso vai gerar na outra pessoa e em nós mesmos. Por isso, conhecer o caráter dessa pessoa, torna-se importante em toda relação de entrega íntima.

Sexo é espírito e vida a serviço da felicidade e da harmonia do universo. Consequentemente, reclama responsabilidade e discernimento, onde e quando se expresse. Por isso mesmo, o indivíduo precisa e deve saber o que fazer com com a sua energia sexual, observando como, com quem e para quem se utiliza de tais recursos, entendendo-se que todos os compromissos na vida sexual estão igualmente subordinados à Lei de Causa e Efeito; e, segundo esse exato princípio, de tudo o que dermos a outrem no mundo afetivo, outrem também nos dará.

CONCLUSÃO

Sem "fórmulas prontas" a respeito do comportamento sexual humano, o que na verdade não existe, deixemos que Emmanuel, através da psicografia de Chico Xavier, conclua com a sensibilidade e a visão dos grandes mestres: "Diante dos sexo não nos achamos à frente de um despenhadeiro para as trevas, mas perante a fonte viva das energias em que a sabedoria do universo situou o laboratório das formas físicas e a usina dos estímulos espirituais mais intensos para a execução das tarefas que escolhemos, em regime de colaboração mútua, visando ao rendimento do progresso e do aperfeiçoamento entre os homens"

FONTES DE CONSULTA

"Vida e sexo", Emmanuel/chico xavier

"A energia sexual", por Claudio Azevedo (www.orion.med.br/portal)

"A energia sexual e a espiritualidade", por Maria C. Zacharias (www.pedacinhosdeluz.blogspot.com)

sábado, 10 de abril de 2010

A importância da lucidez em nossas vidas!

A importância da lucidez em nossas vidas!
Ser lúcido é ver com transparência e compreender ou exprimir claramente algo que se tem clareza. Portanto, os níveis de "percepção da realidade", independem da dimensão a qual se encontra o indivíduo. Quanto mais lúcido o ser inteligente, mais apurada é a sua percepção. E nesse sentido, o autoconhecimento associado à sintonia elevada, são indicativos de que o indivíduo possui um bom nível de conscientização em relação a si mesmo e em relação às realidades dimensionais que fazem parte de sua existência.

E nesse processo evolutivo, a percepção apurada é a responsável pelos níveis de comunicação tanto no plano físico como no plano espiritual. A lucidez e o discernimento - via percepção sensorial e suprasensorial -, associado à sintonia elevada, fazem da consciência uma ferramenta de trabalho em prol dos necessitados de ajuda por encontrarem-se desarmonizados e distante de si mesmos.

No entanto, não basta termos o funcionamento normal das atividades mentais, se não tivermos a percepção da transcendência, ou seja, da imortalidade do espírito, uma vez que o ideal é conquistarmos a "translucidez" ou a consciência de que seja na dimensão em que estivermos, estaremos sempre perceptivos e lúcidos para interagirmos com seres compatíveis com a nossa sintonia ou com aqueles que necessitam de nosso auxílio.

As psicoterapias tradicionais, em geral, estão voltadas para a aplicação de técnicas que visam resgatar no indivíduo em tratamento, a lucidez fundamentada no funcionamento normal das atividades mentais.

As psicoterapias alternativas, em geral, direcionam a técnica investigativa do inconsciente além da situação intra-uterina do indivíduo, estimulando, dessa forma, a percepção - e a lucidez - além da fronteira dos cinco sentidos.

Contudo, tanto a memória cerebral, que contém importantes informações da vida atual, quanto a memória extracerebral que reúne valiosas informações de vidas passadas, são imprescindíveis no sentido de apurar a percepção do indivíduo e auxiliá-lo a elaborar um melhor nível de lucidez em relação à sua própria existência sentida como um todo indivizível...

O livro "Vozes da outra margem" que reúne mensagens psicografadas por Chico Xavier em Uberaba, revela-nos no capítulo quatro, "Atividades de um psiquiatra no além", a importância de cultivarmos a lucidez e investirmos no conhecimento durante as nossas experiências terrenas. É o que veremos a seguir, que são trechos extraídos de duas cartas psicografadas pelo médium espírita mineiro.

SEGUNDA CARTA

Na sua segunda carta dirigida à família, o Dr. Luiz Antonio Biazzio informa-nos algo interessante a respeito da psicologia: "O estudioso de problemas psicológicos encontra aqui um campo aberto às mais valiosas investigações. Se me fosse possível, aconselharia à família querida e a todos os nossos irmãos da humanidade. Aconselharia a cada um retirar alguns minutos de cada dia para indagar de si próprio o que está realmente fazendo para auxílio do próximo".

E segue o relato de suas impressões: "A luta em nossas paisagens espirituais ainda é grande pela necessidade de alijar dos amigos desencarnados recentemente, a carga por vezes pesada das falsas impressões que trazem do plano existencial de que procedem. Sou aqui um pequeno estudioso da análise psicológica dos numerosos que afluem da Terra. Muitos se sentem ainda na profissão que exerceram, outros são proprietários de terras que estão longe de se sentirem desligados da posse de bens que possuíam, gerando alucinações que é preciso curar pacientemente. Amigos que supunhamos orientados com clareza e segurança nos negócios a que se ajustavam no mundo, vêm perguntar por devedores e credores, interesses e lucros em que se julgam prejudicados, e a tarefa é muito grande no sentido de lhes prestar as informações necessárias. Os medicamentos mais eficazes são a paciência e o amor com que lhes tentamos alcançar os corações para renovar-lhes os sentimentos".

E conclui, o Dr. Luiz Antonio Biazzio: "A maioria dos irmãos recém-desencarnados alcançam a espiritualidade quase que na condição de alienados mentais, reclamando estágios de entendimento e revisão de tudo que vivenciaram na Terra, de modo a se desprenderem das posses que unicamente lhes serviam segundo certidão de identidade de que dispunham na vida física".

TERCEIRA CARTA

O conteúdo dessa mensagem é mais elucidativo no sentido de sua tarefa enquanto portador de conhecimentos ligados à psiquiatria: "Os meus estudos médicos não se perderam. Já estou trabalhando numa equipe de amigos que se entregaram com fé em Deus e coração aberto, à tarefa de reconfortar os doentes, especialmente aqueles que ainda se caracterizam por extensos distúrbios mentais. Vejo-me nas áreas de uma psiquiatria nova, em que os enfermos são amparados, a começar pela compreensão acerca deles mesmos, a fim de que nos habilitemos a liberá-los das perturbações a que ainda se mostram sujeitos...".

COMENTÁRIO

Na verdade, não percebo fundamental diferença nas funções que executo como psicoterapeuta Interdimensional em meu consultório, e como dirigente mediúnico na casa espírita que frequento há vários anos. As duas funções exigem a percepção de momento como ferramenta de trabalho no sentido de ajudar o ser inteligente a elaborar a percepção a respeito de si mesmo, pois é através da auto-percepção do indivíduo inserido em sua realidade dimensional - material ou espiritual - que o mesmo atinge o nível de lucidez necessário para compreender o verdadeiro significado da vida.

Tanto na realidade física como na realidade espiritual, as perturbações psíquico-espirituais são as mesmas, pois o desequilíbrio faz a diferença quando o ser inteligente não encontra-se lúcido o suficiente para compreender a sua real situação.

Nestes casos, que são inúmeros e que pertencem às duas dimensões da natureza hominal, a psicoterapia torna-se fundamental no sentido - como referiu-se o Dr. Luiz Antonio - de "renovar-lhes os sentimentos", pois é através da renovação de sentimentos que nos libertamos do pesado fardo do passado e adquirimos a lucidez para nos situarmos com segurança psicológica na dimensão em que estivermos. A partir deste momento existencial, atingimos a consciência ideal e tornamo-nos independentes e libertos de nós mesmos, pois a vida, para todos os seres inteligentes do universo tem um significado em comum, que é alcançar um estado de plena felicidade no UNO.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Filhos são como passarinhos!



A natureza é pródiga com ele que vem ao mundo como um ser totalmente dependente e carente de atenção e amor, pois reúne, em uma só criaturinha, todos os "ingredientes" para despertar em seus responsáveis diretos, sentimentos necessários para que o vínculo do amor se fortaleça.

Contentes, mas algumas vezes apreensivos, acompanhamos o seu desenvolvimento infantil. Seus primeiros passos têm para nós o significado dos primeiros movimentos para a vida, da preparação do "alçar vôo" em busca da independência futura. As primeiras palavras, "mama", "papa", soam como afinadíssimos violinos na sinfonia da vida.

E as fases, uma após a outra, vão passando. Quando nos damos conta, já estão na adolescência a questionar o mundo à sua volta. Paciência, pai! Paciência, mãe! "Haja paciência!" dizemos para nós mesmos. Quase esquecemos (ou não sabemos) que são apenas espíritos, velhos conhecidos de vivências anteriores tentando entender o que estão fazendo neste mundo que parece-lhes não fazer muito sentido.

E a fase turbulenta da adolescência também passa, pois começam a perceber que os companheiros de jornada, os pais, não serão eternos viventes ao seu lado e que cedo ou tarde as necessidades da vida lhes cobrará responsabilidades e atitudes de crescimento pessoal e consciencial.

No entanto, como passarinhos crescidos, mas não totalmente independentes, vão ficando no ninho que mal cabem, porque ali ainda é o porto seguro para a execução de planos de vôos mais altos rumo à dinâmica da vida.

E de repente, o passarinho começa a bater asas, a exercitar o mecanismo do vôo, embora ainda sinta medo de desligar-se completamente da segurança e do aconchego do ninho. E não mais que de repente, o passarinho cria coragem em relação ao enfrentamento dos riscos de sua ousada atitude... e alça vôo rumo à independência, em direção à liberdade um tanto desconhecida e ainda misteriosa.

Nossos filhos, na verdade, como disse Kalill Gibran: "Não são nossos filhos, são filhos e filhas da vida desejosa de si mesma". Porque, mesmo que tenhamos laços afetivos intensos ou afinidades espirituais, eles são individualidades que devem seguir seus caminhos conforme orientam as suas consciências.

A nossa fase de influência na sua formação termina quando começa a adolescência, porque durante e após este período, eles começam a processar internamente, baseado em traços de caráter que trazem de outras vidas, somado à influência de valores transmitidos pelos pais via educação, o direcionamento para as suas próprias existências.

E essa é a sina do ser humano, é o ciclo vital que direciona-nos para as experiências próprias e únicas em convívio com as demais individualidades. Ninguem é definitivamente de ninguém. Ninguém pertence a ninguém. A liberdade de pensar e agir por conta própria em vôos mais altos ou mais baixos da condição humana, pertence, isso sim, à consciência e, principalmente, às escolhas definidas por cada individualidade.

No entanto, acima de tudo, o amor é a energia que permanece como sentimento de gratidão e de respeito mútuo. É a energia que nos acompanha e que continua a envolver-nos nos eventuais retornos ao aconchego da família novamente reunida. Quando isso acontece, para os pais, é sinal que os passarinhos aprenderam a alçar com segurança vôos altos... e cada vez mais altos!

"No pensamento goza o homem de ilimitada liberdade, pois que não há como pôr-lhe peias. Pode-se-lhe deter o vôo, porém não aniquilá-lo!"
Sobre a liberdade do pensar, em O Livro dos Espíritos.


Psicanalista Clínico e Interdimensional
www.flaviobastos.com

quinta-feira, 11 de março de 2010

Sobre homens, cães e o amor!

Sobre homens, cães e o amor!

"O conhecimento da verdadeira natureza espiritual do homem e de sua responsabilidade, é instrumento poderoso de progresso moral. Talvez o mais eficiente para reduzir o descompasso claramente perceptível entre aquele e o progresso intelectual. Um e outro hão de se aproximar, no dia em que, definitivamente, se compreender que inteligência sem ética é como uma árvore sem flores e sem frutos" (Milton Moreira)

A natureza, a qual pertencemos, é referência para os nossos aprendizados. É no ambiente natural selvagem ou no ambiente doméstico que observamos como vivem outras espécies do reino animal.

Os cães adultos, por exemplo, são organizados e até minuciosos quando se trata da educação de seus filhotes. Quando estes nascem, inicia-se a fase de amamentação associada à hábitos de higiene do ninho, quando a mãe, instintivamente, providencia a higiene de seus filhotes e a limpeza do local onde eles ficam, lambendo as fezes e a urina dos mesmos.

Com o passar do tempo, a amamentação vai cessando, assim como a higiene dos filhotes e a limpeza do ninho. Os cãezinhos, então, passam a imitar a mãe - e o pai - que fazem suas necessidades fisiológicas em locais afastados de onde a família passa a maior parte do tempo.

A partir dos sessenta dias de vida, a mãe praticamente dá como encerrada a sua instintiva missão de educadora, ou seja, os filhotes saem em busca de alimento e entram na fase da "independência" - e da sobrevivência - orientados pelo próprio instinto.

Guardadas as devidas proporções, é óbvio, mais ou menos dessa forma deveria ser a relação entre os humanos durante a fase afeto-aprendizado entre pais e filhos...

Um dia destes, estava observando a relação de uma cadela de rua com os seus filhotes de aproximadamente dois meses de vida, e comparando ao relacionamento da minha cadelinha e seus filhotes que tem o mesmo tempo de vida. A orientação instintiva é a mesma, inclusive o lúdico entre eles é muito semelhante - praticamente igual -, o que difere dos humanos no sentido de uma certa confusão (ou insegurança...) na escolha de valores que fazem parte do processo educativo de nossas crianças.

É curioso... porque a natureza hominal, dotada de inteligência, emoções e sentimentos, costuma complicar-se quando o assunto é "educação dos filhos", enquanto a natureza animal, considerada despossuída de inteligência e razão, segue há milenios um padrão seguro durante a fase em que os filhotes mais precisam de cuidados dos pais.

Outra diferença fundamental entre as duas espécies, é o afeto (ou amor...) que na natureza animal acontece em "doses homeopáticas" e de uma forma equilibrada na relação pais-filhos, enquanto na natureza hominal ou falta amor nessa relação, ou o amor acontece em "doses exageradas"... ou ainda, através de uma relação bem menos comum, que é a harmonia entre relação afetiva e ação educadora.

As diferenças, ao que tudo indica, parecem estar no nível evolutivo das espécies, onde o homem ocuparia o topo da pirâmide natural, o que obrigaria a espécie a evoluir em busca do amor, cujo significado ele ainda desconhece em sua plenitude...

Enquanto esse encontro cósmico não acontece, as complicadas relações de amor do ser inteligente, acabam por sufocar o seu processo de autoconhecimento, porque o amor que é de menos sufoca, e amor que é demais também sufoca. Portanto, o desafio humano é encontrar o amor equilibrado ou o "caminho do meio" que liberta e permite a expansão consciencial através do autodescobrimento.

No entanto, por sermos seres potencialmente diferenciados das demais espécies da natureza terrena, é estranho que tenhamos de aprender com a harmonia nas relações de afeto e de aprendizagem das espécies menos evoluídas do que nós...

Parece-nos que com o passar dos milenios, a inteligência humana em parte "conspira" a nosso favor através da expressão artística, das descobertas científicas, do bom humor e, especialmente, do impressionante avanço tecnológico das últimas décadas. Por outro lado, a inteligência humana conspira contra quando trata-se de associar ciência e transcendência no sentido de explicar o significado da vida sob o prisma das múltiplas vivências do espírito imortal.

É exatamente nesse ponto que diferenciamos de nossos irmãos "irracionais". Precisamos entender que sem o estudo de nossa espiritualidade, pouco saberemos a respeito de nós mesmos e do significado da vida. E, nesse sentido - por enquanto - a nossa inteligência em nada supera a natureza animal no que diz respeito ao instinto de sobrevivência e de perpetuação da espécie...

Necessitamos avançar enquanto sociedade que estimula valores éticos e espirituais nas suas relações humanas, porque é estimulando valores imprescindíveis na educação de nossos filhos, que teremos futuramente, adultos mais saudáveis, felizes e realizados.

Psicoterapeuta Interdimensional

www.flaviobastos.com

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Por que o amor nos consome?

Por que o amor nos consome?

"Evoluir é transformar realidades".

Experenciamos o amor - ou o desamor - nos seus mais diversos níveis de intensidade. Passamos uma vida inteira entre altos e baixos de um sentimento que nos acompanha, seja pela carência ou pelo excesso, e que deixa-nos marcas profundas, "feridas" psíquicas ou agradáveis lembranças que nos trazem sensações de felicidade...

No entanto, porque a busca pelo amor perfeito nos angustia tanto? Por que perseguimos um ideal que nos proporcione "orgasmos" de completude e "gozos" de felicidade?

Justamente porque não conhecemos o caminho do meio entre a experiência do amor caótico e a busca pelo amor que nos proporcione sensação de plenitude. Ou estamos lá embaixo, carentes de algo que ainda não entendemos direito, chamado amor, ou nos encontramos em "ascensão" à procura desse desconhecido que nos complete...

Não conhecemos o "meio-caminho" entre os extremos, porque não paramos a máquina para assimilar os aprendizados de nossas experiências amorosas que nos proporcionam verdadeiras lições de vida. Encontramo-nos, imperceptivelmente, entre o caos e a busca da plenitude...

Somos seres cujas experiências de sofrimento e prazer alternam-se como ondas no oceano da vida. Se não possuímos o conhecimento do capitão dos mares, que com a sua experiência e apurada percepção consegue prever tempestades, contratempos e mudar o rumo de sua nau, salvaguardando a sua integridade física e psíquica, ficamos, indefinidamente, ao sabor dos acontecimentos e imprevistos que povoam o oceano da existência.

Náufragos, estaremos à deriva, perdidos, impotentes, desesperados, conformados com o destino... ou à espera do momento mágico que represente o êxtase do salvamento aguardado...

Somos indivíduos dos extremos, sendo que os altos e baixos não nos levam a lugar algum, somente se repetem como num interminável ciclo vicioso. Geralmente, não aprendemos a lição e repetimos a dose, vida após vida a oscilar nas relações amorosas, em busca de um amor que nos salve da sensação de caos que experenciamos em certos momentos vitais...

O amor nos consome porque não percebemos o caminho do meio onde encontra-se a sensação de equilíbrio, fonte de respostas esclarecedoras que contribuem ao processo de autoconhecimento.

O amor nos consome porque "ele" não encontra-se "fora", mas dentro de nós... no ponto de equilíbrio que precisamos perceber na relação consigo próprio, na relação com o outrem, com o mundo e com o universo...

Charles Chaplin eternizou uma frase que resume o que precisamos aprender sobre o maior dos sentimentos humanos: "Não morre quem deixou de viver, mas quem deixou de amar".

O amor, portanto, é o nosso maior desafio diante do universo. É a chave que abre a consciência humana para o ingresso de informações que devem ser apropriadas por aquele que está em busca de respostas. Chave que abre o coração humano para a entrada da energia que envolve, acalma, pacifica, harmoniza e contagia benéficamente...

Chave que se adquire quando nos apropriamos de um conhecimento imprescindível para a sensação de equilíbro no exercício do amor: o caminho do meio, aprendizado que passa pelas experiências de dor e prazer nas relações amorosas do espírito imortal.

Quando despertamos para a ligação interdimensional do amor, subimos um degrau na escala evolutiva da consciência. Condição que nos permite trilhar o caminho do meio e perceber que o amor é uma energia sutil, indelével, onipresente, fraterna, harmoniosa e eternamente à disposição do homem.

Psicoterapeuta Interdimensional.

www.flaviobastos.com


O ego no palco da vida

O ego no palco da vida


Sigmund Freud salientou a importante relação existente entre o comportamento de um ser humano adulto e certos episódios de sua infância, mas resolveu preencher o considerável hiato entre causa e efeito com atividades ou estados do aparelho mental. Desejos conscientes ou inconscientes ou emoções no adulto representam esses episódios passados e são considerados como responsáveis diretos de seu efeito sobre o comportamento.

No entanto, na visão interdimensional, trazemos de outras vivências traços de caráter que revelam-se no dia a dia da vivência atual, onde o "eu" é a marca registrada que define o indivíduo como sendo um conjunto que reune caráter e personalidade na (inter)ação comportamental. E na relação psíquica que diariamente expressa-se na forma de atitudes, conduta, escolhas, lúcidas e importantes decisões, ou simplesmente atos impensados e até irresponsáveis, o ser vive mais ou menos consciente. Tudo depende do conjunto de valores que moldam o seu caráter, formam a sua personalidade e, como decorrência, influenciam o seu comportamento social.

Portanto, o ego freudiano que é a forma como o indivíduo relaciona-se consigo mesmo e com o mundo à sua volta, significa também o conteúdo psíquico-espiritual que em essência representa a sua identidade sem máscaras, ou seja, a sua verdade sem subterfúgios e transparentemente revelada ao universo.

Nessa contextualização observada através de uma ótica mais ampla do ser, o ego insere-se na vida com uma bagagem e, ao mesmo tempo, com um permanente desafio pela frente: o desafio da mudança, da evolução consciencial mesmo diante de uma realidade dimensional repleta de sedutoras armadilhas psicológicas.

Nas origens da psicanálise, a maior preocupação de Freud ao denominar as instâncias da personalidade, foi estabelecer através da técnica psicanalítica uma forma de trazer para o foco da autopercepção, da lucidez e do centramento baseado no senso de realidade, o ego que encontra-se desarmonizado. E essa técnica é válida até hoje como básica, já que a dimensão da materialidade em que nos encontramos é uma certeza, e sendo assim, não pode ser subestimada ou negligenciada enquanto proposta terapêutica, porque o ego também representa a forma como o espírito sente-se "enraizado" nesse contexto transitório, porém palpável e real, chamado realidade física. Sendo, por esse motivo, responsável pelas manifestações humanas de equilíbrio e de desequilíbrio. Em suma: é o mal e o bem internalizados que por intermédio de mecanismos psíquico-espirituais direcionam o comportamento humano.

Por isso, a existência entre nós, da tirania e da benevolência, do egoísmo e do sentimento de amor ao próximo, do orgulho e da simplicidade. Extremos humanos que caracterizam e definem o perfil psico-espiritual do indivíduo inserido em sua longa história de vivências em que o ego tem sido sempre o principal personagem no palco da vida.

O ego, portanto, não deve ser subestimado na investigação do inconsciente humano, pois expressa a síntese do que somos na relação do que viemos sendo. O que deve mudar é a visão de sua contextualização, uma vez que a abrangência de sua análise transcende ao nível dimensional do "aqui-agora" e passa ao âmbito multidimensional com relações que representam a sua natureza interdimensional de múltiplas vivências.

Sabemos que quanto mais evoluimos espiritualmente, mais desapegamos do ego. Porém, esse processo é lento e requer do indivíduo mudanças de atitudes perante a vida, onde a consciência torna-se o instrumento responsável pelo desafio de desbravar o difícil caminho do autoconhecimento que o levará em algum momento de sua existência, a desatar os nós que históricamente o mantém preso às armadilhas do inconsciente.

Psicanalista Clínico e Interdimensional.
www.flaviobastos.com


Timidez e preconceito

Timidez e preconceito



"A timidez, inesgotável origem de tantas infelicidades na vida prática, é a causa direta, mesmo única, de toda a riqueza interior" (Emil Cioran)

Não seria um exagero afirmarmos que existe entre nós uma espécie de "ditadura da extroversão", fenômeno gerado pelo fato de priorizarmos, a partir da educação infantil, valores materialistas que combinam com os valores da sociedade de consumo na qual estamos todos inseridos. Porém, este artigo não tem a intenção de aprofundar no sentido sociológico ou psicológico desta questão e, sim, possibilitar ao leitor que faça a sua reflexão a respeito do tema em análise.

Esta abordagem é baseada em uma realidade social: a existência de pessoas consideradas tímidas ou retraídas que geralmente procuram no atendimento psicoterapêutico, a razão de se sentirem diferentes ou à parte de um modelo comportamental vigente na sociedade, que foca na extroversão, o traço de personalidade ideal para que o indivíduo vença na vida...

No entanto, na intimidade dos consultórios, percebemos que essas pessoas catalogadas como "introvertidas" pela ótica de valores da produção e do lucro, possuem em sua maioria, potencialidade intelectual e criativa que permanece latente, ou seja, à espera de uma oportunidade de serem compreendidas e aceitas no "mundo dos extrovertidos". Na verdade, são indivíduos estigmatizados - e sutilmente discriminados - por um modelo sócio-comportamental que exige da pessoa, a "marca da extroversão na testa" como condição básica para conseguir sucesso na vida...

Ledo engano! Há milhares de anos, o homem persegue a fórmula do equilíbrio vital, que não está nos extremos, mas no meio de forças antagônicas que ao se aproximarem, se completam. Há séculos, as ricas culturas religiosas da India e da China dominam esse conhecimento, que somente a partir do Terceiro Milênio começa a difundir-se no mundo ocidental como nova diretriz para o processo de autoconhecimento do indivíduo.

O que seria da humanidade se existissem somente indivíduos extrovertidos ou introvertidos? Certamente , haveria entre nós, seres dotados de inteligência, um desequilíbrio de proporções desconhecidas ou inimagináveis, que teria repercussão no âmbito social e alterado completamente os estudos sobre a natureza humana baseada em sua heterogeneidade comportamental.

O Dicionário da Lingua Portuguesa, define o termo "preconceito" como uma idéia preconceituosa, em geral sem fundamento; intolerância. O mesmo dicionario define o indivíduo "tímido" como aquele que tem temor, receio ou que apresenta dificuldade de relacionamento social. E completa com sinônimos: "acanhado, retraído, débil, frouxo".

Se considerarmos as suas características comportamentais, o tímido é um indivíduo "introvertido", ou seja, voltado para dentro de si ou para a própria vida interior, ou ainda, uma pessoa "introspectiva" que tem o hábito de examinar os próprios pensamentos e sentimentos.

Pelo mesmo ângulo de análise do comportamento humano, temos o antônimo de introversão, que é a pessoa considerada "extrovertida", de fácil relacionamento social, comunicativa, expansiva e que por isso, expressa mais seus pensamentos e sentimentos...

Se entre nós houvesse a predominância absoluta de um desses dois traços de personalidade individual humana, perderíamos, com a inexistência de indivíduos extrovertidos, parte de nossa capacidade criativa aplicada nas grandes realizações e descobertas, assim como grande parte do entusiasmo que move o progresso material dos povos através de iniciativas pessoais nos âmbitos social, econômico, político e científico de uma maneira geral. E com a falta de indivíduos introvertidos, a humanidade perderia a sua capacidade de interiorização filosófica, científica - através da pesquisa e investigação -, e transcendental-religiosa, o que tornaria o homem mais dependente do imediatismo decorrente de seus pensamentos, emoções e sentimentos.

Portanto, a timidez - ou introversão - não leva consigo o "atestado" da impotência ou da doença,e, sim, um traço de personalidade passível de mudança no sentido de que o indivíduo busque uma melhor conexão com a expansividade natural que a vida lhe oferece. O mesmo raciocínio aplica-se à extroversão como um traço de personalidade em que o extrovertido também deve buscar uma melhor conexão com a capacidade de interiorização que a vida costuma oferecer...

A partir do Terceiro Milênio, gradualmente, o comportamento humano começa a sofrer alterações, e o equilíbrio comportamental entre a capacidade criativa do extrovertido e a capacidade reflexiva do introvertido, torna-se referência para aqueles que desejam evoluir e mudar seus conceitos - e preconceitos - baseados em modelos sócio-culturais. Vejamos o exemplo dos Estados Unidos e da India, embora essa nação seja considerada emergente na avaliação do modelo capitalista. São realidades distintas, isto é, E.U.A a meca do capitalismo e de valores materialistas, e a India, referência mundial de religiosidade e de valores espiritualistas. E dessa forma, entre o oriente e o ocidente, teríamos vários exemplos a registrar...

Quando percebermos o preconceito gerado pela introjeção de valores materialistas que incidem sobre a distinção que fazemos entre uma pessoa considerada extrovertida, portanto aberta, expansiva e comunicativa, e outra, considerada introvertida, portanto "frouxa, retraída e débil", conforme sinônimos encontrados no dicionario, verificaremos, que através de imperceptíveis valores culturais internalizados, sutilmente discriminamos o traço tímido-introvertido de personalidade que deveria coexistir em harmonia com o tipo expansivo-extrovertido.

Informa-nos um dito popular "que na natureza humana os extremos se completam". É justamente esse olhar... essa percepção que precisamos aguçar para entendermos que introversão e extroversão completam-se no centro, isto é, no ponto de encontro de suas diferenças fundamentais. E que, independente do paradígma materialista que ofusca a nossa visão interdimensional, devemos sair em busca desse ponto de equilíbrio até atingirmos a completude e felicidade possível.

Em relação ao comportamento humano, talvez esse seja o nosso maior desafio do Terceiro Milênio: encontrar a unidade entre os polos energéticos que predominam na natureza humana. E a partir desse processo íntimo, cada indivíduo, seja ele reservado ou expansivo, caminhar ao encontro daquilo que lhe falta no atual momento de sua existência terrena, porque tudo é aprendizado e jamais aprenderemos se não sairmos em busca do que precisamos para transformar a si mesmo e ao mundo em que vivemos.

Psicanalista Clínico e Interdimensional.

www.flaviobastos.com