sábado, 4 de setembro de 2010

A porta entreaberta

A porta entreaberta

A porta entreaberta



"Cultivemos o bem, eliminando o mal. Façamos luz onde a treva domine. Conduzamos harmonia às zonas em discórdia. Ajudemos a ignorância com o esclarecimento fraterno. Seja o amor ao próximo nossa base essencial em toda a construção no caminho evolutivo" (Emmanuel)

É prática comum nos grupos mediúnicos espíritas, principalmente os que estão iniciando o trabalho após uma fase de estudos, inconscientemente, direcionar o atendimento no sentido seletivo, ou seja, disponibilizar a manifestação de espíritos que estejam somente desorientados em relação ao desencarne, ou ainda, aqueles irmãos mais evoluídos que passam pela reunião para transmitir uma mensagem ao grupo de trabalhadores.

No entanto, mesmo não sendo uma reunião mediúnica de desobsessão, quando encarnados e desencarnados mantém vínculo obsessivo que exige dos trabalhadores experientes muito empenho na libertação desses irmãos comprometidos com o passado, a reunião mediúnica de trabalhadores iniciantes ou mesmo antigos, exige que a "porta" esteja completamente aberta para que todos os irmãos, indistintamente, sejam bem vindos.

O trabalho mediúnico é sempre acompanhado por uma equipe espiritual co-responsavel pelos atendimentos, porém, se o dirigente e os médiuns da reunião não estiverem pré-dispostos ou psicológicamente preparados para o atendimento de irmãos que se apresentam com postura agressiva, desafiadora, manipuladora e de índole perversa, a equipe espiritual evitará que esses espíritos se manifestem através dos médiuns que compõem o grupo de encarnados.

Alerta-nos Emmanuel, através da pscografia de Chico Xavier, em "Vinha de luz", que "A gleba imensa de Cristo reclama trabalhadores devotados, que não demonstrem predileções pessoais por zonas de serviço ou gênero de tarefa". Por isso, torna-se importante o preparo psicológico do dirigente mediúnico e dos médiuns para o atendimento de quem visitar ou for levado à casa espírita com o objetivo do esclarecimento. A porta deve estar sempre aberta para o propósito de uma reunião mediúnica, seja de desobsessão ou não, assim como o acesso deve ser garantido ao encarnado que procura o serviço de atendimento fraterno, seja o caso que for.

Somos todos espíritos devedores, e os irmãos da equipe espiritual sabem que a nossa condição espiritual é um fator de identificação (afinidade vibratória) e de aproximação de espíritos para que ocorra a interação com encarnados durante uma reunião mediúnica. Se nos mostrarmos, mesmo inconscientemente, temerosos e despreparados para a tarefa, esses irmãos não chegarão até nós para o devido atendimento.

No entanto, se nos tornarmos mais receptivos, através da energia do chacra cardíaco, é sinal de que naquela reunião mediúnica existe uma porta aberta para todos os irmãos que por ali desejarem adentrar...

Uma reunião mediúnica kardecista, não é um ritual de evocação de espíritos "malévolos" ou de espíritos adiantados na escala evolutiva. É somente uma reunião à serviço do Amor Maior, onde cada integrante encarnado deve doar um pouco de amor fraterno no atendimento daqueles que procuram por Luz ou que ainda encontram-se perdidos na energia do orgulho, da vaidade e do egoísmo.

Quando em uma reunião mediúnica apresentam-se espíritos de diversos níveis evolutivos, é sinal de que os trabalhadores encarnados estão cumprindo com o propósito da tarefa, que é atender, indiscriminadamente, todos os irmãos que ali forem conduzidos pela equipe espiritual ou que se manifestarem de livre e espontânea vontade.

É tão importante e valiosa a nossa contribuição, que trabalhamos mais do que imaginamos, pois, muitas vezes, somos convocados durante o sono para o atendimento de irmãos que desencarnam em situações trágicas e, geralmente, indivíduos ainda jovens que deixam a vida sem entenderem os motivos.

No século dezenove, registrava Kardec: "O mal é a ausência do bem", isto é, o mal somos nós perdidos no labirinto de nossas próprias imperfeições. E se não tivermos a oportunidade do "acolhimento" mediante a nossa manifesta vontade de mudar, seguiremos da trilha da ilusão por tempo indeterminado.

Portanto, a porta da reunião mediúnica não deve estar entreaberta, e sim, totalmente aberta, receptiva, acolhedora para atender a demanda do trabalho que não é pouco, pois o nível de exigência aumenta à medida que o grupo de encarnados encontra-se harmonizado e comprometido com a tarefa de orientar, socorrer, esclarecer e encaminhar em conjunto com a equipe espiritual.

Um dos recursos que tem o dirigente mediúnico em casos de espíritos que apresentam-se rebeldes, orgulhosos, vingativos ou provocativos e agressivos, é convidá-los a compreender, através da regressão, o que ocorreu no passado em relação aos seus desequilíbrios na esfera das emoções e sentimentos.

Dialogar com o irmão desencarnado através do médium que lhe dá passagem, deve representar uma relação terapêutica e, ao mesmo tempo, uma relação de pai ou mãe com o filho ou filha. E o conjunto dos integrantes que estão envolvidos nessa difícil mas gratificante tarefa, deve representar o abraço acolhedor de uma família que recebe de porta aberta, o filho que retorna à casa do pai.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Firmeza no garrão

Firmeza no garrão
Informa um dito popular gaúcho que devemos ter "firmeza no garrão", ou seja, jamais esmorecer, se entregar, afrouxar o "garrão", que na construção da expressão regionalista, significa o cavaleiro fazer o cavalo andar ou disparar com a firme pressão do toque de seus calcanhares próximos às virilhas do animal.

O simbolismo da expressão gaúcha revela na figura do cavalo, a vida que devemos tocar pra frente com a firmeza necessária. Mas para tal, precisamos acreditar em valores que herdamos de nossos pais associado ao que construímos com a experiência acumulada de muitas vidas do espírito imortal.

A nossa história pessoal é a história da humanidade, como registra o historiador Evaldo Munhoz Braz em "O gaúcho e sua origem", referindo-se à importância de cultivarmos as nossas raízes ancestrais como forma de identificação a valores culturais de determinada região ou de um povo: No mundo inteiro, incluindo sobremaneira Europa e Estados Unidos, festas regionais reforçam suas certezas sobre suas origens, como comportar-se frente a adversidade e planejar o futuro. Saberem quem são. Este é o sentido de conhecer-se o passado. Afinal, é tão grave esquecer-se no passado como esquecer o passado. Nos dois casos desaparece a possibilidade de história...

Portanto, cultivar valores culturais, morais e éticos transmitidos ou conquistados com as vivências, é de suma importância para aquele que deseja crescer tanto no sentido material quanto no sentido espiritual, como afirma o cantor e compositor Luiz Marenco em uma de suas letras: É por isso que sempre canto minha terra, minhas verdades, minha gente. Meu canto é assim e só sei cantar desse jeito. Acredito que esse é o rumo, e sigo firmando o garrão pelas coisas que penso...

Somente nos sentimos seguros e confiantes quando estamos com os pés fincados na Mãe-Terra e a imaginação a viajar livre pelo universo, como faziam os grandes filósofos da antiguidade e ainda fazem os atuais pensadores e espiritualistas.

O indivíduo vive melhor quando possui valores internalizados, pois são os valores humanos que nos aproximam uns dos outros. Quando falta essa qualidade de relação típicamente humana, nos tornamos indivíduos com tendência ao isolamento e à depressão.

Jaime Caetano Braum, compositor e payador gaúcho, retrata em "Mateando", o sentimento de quem avança na idade, sem, no entanto, "afrouxar o garrão" na condução da própria vida: Não é que falte fibra, nem firmeza no garrão, pois meu coração bem compassado ainda vibra...

Alguns ditos populares, sem dúvida, são enriquecidos de vida, humanidade, história e sabedoria, e não devemos nos sentir "além" deles no sentido do conhecimento adquirido, porque sentir-se "acima" nos afasta de nós mesmos, do outrem e de nossa história temporariamente inserida na história regional, e definitivamente inserida na história da humanidade.

Somos um todo, é claro, mas obviamente temos que ter a clareza de que também somos uma unidade em busca de afirmação enquanto seres humanos em processo de aprendizagem pelo planeta Terra ou em outros mundos habitados por espíritos inteligentes.

Ter "firmeza no garrão" para tocar a vida pelo caminho da autoconfiança é o que precisamos como base de uma rota segura nos campos da vida atual e futura. Por termos "afrouxado o garrão" no passado remoto, padecemos hoje de vicissitudes que limitam a percepção de autoconhecimento e atrasam o nosso processo evolutivo.

Independentemente de nossa região de origem ou de onde tivermos fixado residência no planeta, os valores que levamos conosco devem, em parte, relacionar-se à cultura e às tradições do nosso povo. Caso contrário, nos sentiremos como uma planta com as suas raízes debilmente fixadas no solo.

Muitos casos de depressão causados pelo processo de somatização, representam um quadro clínico em que o indivíduo encontra-se "desconectado" de suas raízes culturais e/ou familiares, ou seja, ele não internalizou valores suficientes para sentir-se um "cavaleiro com firmeza no garrão".

No sentido simbólico, tocar a vida com desenvoltura exige do "cavaleiro" uma maestria que se adquire com a persistência de jamais "afrouxar o garrão na montaria", como observou o francês Dreys durante a sua passagem entre 1817 e 1825 pelo Rio Grande do Sul: Todos os exercícios de manejo e picaria dos mestres de equitação da Europa são familiares ao gaúcho, e alguns dos exercícios mais difíceis são mesmo entre eles divertimentos de crianças...

Quando conquistarmos a sabedoria de levar a vida com equilíbrio entre a firmeza, a sensibilidade e o lúdico, seremos exímios cavaleiros a caminho da felicidade no UNO, como registra Almir Sater em sua linda canção "Tocando em frente": Cada um de nós compõe a sua história e cada ser em si carrega o dom de ser capaz, de ser feliz.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O transitório e o eterno

O transitório e o eterno



A dependência afetiva ou o excesso de cuidados em relação a entes queridos e bens materiais herdados ou adquiridos durante a vida, costumam gerar uma energia que aprisiona o indivíduo a sentimentos de apego e posse.

Essa característica comportamental quando levada ao exagero, é responsavel por desequilíbrios na esfera psíquico-espiritual com reflexos na vida atual e futura do indivíduo.

Portanto, melhorar o nível de percepção em relação a nós mesmos inseridos em um contexto vital de contatos interdimensionais e de inter-relacionamentos pessoais, é dever de quem pretende disciplinar seus sentimentos.

Nesse sentido, ao observarmos o comportamento de espécies do reino animal, obtemos aprendizados que contribuem com o desenvolvimento de nossa percepção, como por exemplo, os cães domésticos. Algo na natureza instintiva desses animais, orienta-os ao momento em que a mãe deve separar-se de seus filhotes, garantindo-lhes, dessa forma, a independência afetiva e a liberdade para a vida.

O mesmo acontece com os pássaros, que são orientados pela natureza a desenvolverem habilidades para alçarem võo rumo à liberdade de suas vidas.

No entanto, em relação à necessidade de desapego afetivo e material, falta à espécie hominal inteligente, a percepção apurada de sua natureza transcendental. Mas para que isso ocorra, o indivíduo precisa disciplinar o que ainda não encontra-se disciplinado - ou resolvido - em si mesmo, ou seja, o sentimento de posse, pois é por intermédio desse sentimento em relação à pessoas ou bens materiais, que nos prendemos à indisciplina sentimental responsavel pelo desequilíbrio de nossas emoções. Desajustes que geram somatizações pelo organismo físico...

A dependência afetiva associada ao sentimento de posse, é o que mais atrapalha a vida do indivíduo no sentido de sua emancipação enquanto ser espiritual. A falta de discernimento, provocada por uma percepção condicionada à exigências de origem inconsciente e egóica, faz do corpo físico a sua própria prisão.

Desapegar-se dos exageros afetivos é experimentar, gradualmente, a libertação de antigos padrões de comportamento. É perceber o quanto éramos cativos de sentimentos que nos prendiam a um nível vibratório que limitava a expansão de nossa consciência.

Desapegar dos exageros que nos ligam ao sentimento de posse material, é desprender-se de uma situação onde o ego começa a ceder espaço ao representante de nossa verdadeira identidade diante do universo: a essência, o espírito.

Se queremos ser livres, parar de sofrer pelo que temos e pelo o que não temos, devemos abrigar um único desejo: o de nos transformar. Assim, quando alguém ou algo tem de sair de nossa vida, não alimentamos a ilusão da perda ou do afastamento. O sofrimento vem da fixação a algo ou a alguém. O apego embaça o que deveria estar claro: por trás de uma pretensa perda está o ensinamento de que algo melhor para o nosso crescimento precisa entrar. Se não abrimos mão do velho, como pode haver espaço para o novo?

O excesso de proteção a entes queridos, assim como a dependência afetiva e o excesso de preocupação - ou obsessão - em acumular rendas e patrimonio material, são desarmonias psíquico-espirituais que conseguimos curar à medida que avançamos no caminho do autoconhecimento.

A conquista do equilíbrio entre o "ser e o ter" só se adquire com muito discernimento em relação ao que devemos mudar em nós mesmos. Ter a lucidez e o discernimento necessarios para perceber o que é perecível e o que é eterno em nossas vidas, é sinal de que estamos no rumo da libertação e da cura de sentimentos negativos.

O processo de desapego é de suma importância para o bem-estar do indivíduo nos dois níveis de sua existência, ou seja, nos níveis físico e espiritual, porque quanto mais desapegado estiver o indivíduo das exigências do ego, mais perceptivo e integrado estará em relação à sua natureza espiritual.

O apego e o desapego, inclusive, são determinantes no sentido da difícil ou fácil (re)adaptação do indivíduo quando retorna para o plano espiritual, sendo necessário em alguns casos de apego à matéria, muito tempo até que o espírito perceba que não encontra-se mais no mundo físico.

Portanto, ter saúde integral, que contempla também o psíquico e o espiritual, requer no mínimo, sintonia equilibrada entre o "ter e o ser", onde o exagerado apego afetivo ou material cede lugar a uma percepção mais apurada do significado da vida como oportunidade do ser inteligente expandir a sua consciência.

Na direção do crescimento, o desapego é uma das provas mais difíceis a ser superada pelo indivíduo que deseja libertar-se de seu passado. E nesse sentido, o autoconhecimento é o caminho que deve ser percorrido com muita fé, amor, perseverança, auto-disciplina e discernimento entre o que é transitório e o que é eterno em sua vida.

Líderes?

Líderes?



"Não ande atrás de mim, talvez eu não saiba liderar. Não ande na minha frente, talvez eu não queira segui-lo. Ande ao meu lado para podermos caminhar juntos". (provérbio Ute)

Segundo o ideal de liderança, o verdadeiro líder seria aquele que consegue influenciar fortemente outras pessoas à ação, sem o uso da força, do medo ou do oportunismo. Tem a sua base na atitude pessoal, na competência e no carisma, levando os demais a admirá-lo, respeitá-lo e a defender as suas idéias.

A respeito da palavra "líder", parto do princípio de que o seu verdadeiro significado tem sido deturpado com o passar dos séculos e que os líderes existem porque não sabemos ou não conseguimos ser líderes de nós mesmos, ou seja, pessoas suficientemente auto-responsaveis, determinadas, idealistas e decididas, com senso crítico apurado, opinião própria e participativa social e politicamente.

Por este motivo, entre outros, surgem na sua grande maioria, pseudo-líderes em todas as áreas de atuação humana, principalmente, no âmbito da política e na área empresarial, que movidos por interesses pessoais - sendo cada vez mais raros os idealistas - projetam uma estratégia de crescimento particular associada a outros interesses individuais e coletivos de uma agremiação política ou de um núcleo empresarial, etc.

O problema atual do líder não são as suas inerentes características de liderança, mas o que vem "a reboque" dessa intenção, que, geralmente, apontam a vaidade, o orgulho, a ambição e o egoísmo na direção da sede de poder.

E quando registramos que o homem é obsecado pelo poder, não estamos dizendo nenhuma novidade ou cometendo uma "heresia", pois esta questão é atávica e acompanha a humanidade desde tempos imemoriais, sendo as disputas territoriais, políticas e muitos conflitos bélicos, o testemunho histórico dessa afirmação...

Estamos às vésperas de novas eleições no Brasil. Data marcada em que elegeremos "líderes" que nos representarão a partir do cargo de presidente da República. Portanto, sugiro aos amigos leitores que decidiram confiar o seu voto: percepção aguçada no momento de suas escolhas. Saber "quem é quem" nesse momento, é imprescindível no sentido de estarmos convictos de que não elegeremos oportunistas de plantão ou pseudo-líderes.

Muitos dos candidatos que retornam para nova avaliação popular no próximo pleito, são pseudo-líderes maquiados por um discurso de renovadas promessas e "boas intenções", mas cujo recente passado condena-os como pessoas descompromissadas com a ética e com a prática política voltada para os interesses do bem-comum da sociedade.

Hoje, verificamos em cada nominata de candidatos que representam suas siglas partidárias, verdadeiros "batalhões" de indivíduos munidos de belos e convincentes discursos, onde cada um procura atrair para si, a essência da verdade transformada em novas esperanças para uma classe social ou para o povo em geral.

Pseudo-líderes, demagogos e "experts" na arte do ilusionismo, apresentam-se como preparados para resolver o seu problema... os nossos problemas. Muito cuidado nessa hora, porque o voto, acima de tudo, deve ser baseado em uma lúcida e consciente avaliação das opções de que dispomos.

Particularmente, ao analisar a situação mundial através da ótica do terapeuta holístico, acredito que o modelo político baseado no ideal democrático esteja com os seus dias contados. Não pelo ideal em si, que representa a democracia da livre escolha pelo voto, o que é saudável, mas pela própria caminhada evolutiva da humanidade, cujo modelo democrático, assim como vários outros espalhados pelo mundo, já não contemplam as expectativas de renovação exigidas pela Nova Ordem Mundial, energia transformadora que somente os sensitivos a percebem envolvendo lentamente o nosso planeta...

No milênio em curso, aprenderemos a ser líderes de nós mesmos, ou seja, indivíduos centrados e focados na auto-responsabilidade como fator determinante para desenvolvermos o senso de responsabilidade com o outrem.

A partir dessa realidade social, creio que não existirão mais líderes nos moldes que conhecemos ou que idealizamos, porque uma vez auto-responsaveis não precisaremos mais de alguém que faz - ou diz fazer - aquilo que não fazemos por si próprio, pelo outrem e pelo planeta.

A dependência que hoje ainda temos de líderes ou de pseudo-líderes, acabará à medida que nos conscientizarmos de que o "poder" que obstinadamente perseguimos há milênios, encontra-se em nós mesmos, que são os valores éticos e morais pertencentes às Leis do Amor inseridas em nossas consciências, mas que necessitam de nosso "despertar" para fluir como energia que restaura, purifica e transforma realidades.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A copa que ninguém vê

A copa que ninguém vê


Na África, quando um menino masai aprende a andar, ele já recebe um bastão para ir treinando. Aos 5 anos, ganha junto com uma vara de pastor, sua primeira lança para defender os cordeiros e cabras que receberá em seguida. Assim que aprimora as suas habilidades pastoris, torna-se responsável por alguns animais e, aos 10 anos, já deve saber cuidar de si e de seu gado. São as vacas que lhes provêem quase todos os alimentos que consomem. O gado é tão importante para esse povo que a saudação mais comum quando um masai cruza com outro pelas savanas africanas, é: "Espero que suas vacas estejam bem".

A copa do mundo de futebol que está sendo realizada na África do Sul, traz visibilidade para a região, além de uma legião de turistas e profissionais da imprensa que contribuem com os altos lucros que o país obtém como sede da copa.

No entanto, não muito longe do cenário de interesses que move um evento dessa envergadura, existe uma copa que ninguém vê: "a copa da luta por comida" que ocorre na África Ocidental, onde a mídia mundial não se faz presente porque não existem interesses lucrativos ou de visibilidade que atinja o grande público consumidor.

O certo, é que indiferente à copa do mundo da poderosa FIFA, milhões de africanos ocidentais - estima-se em 10 milhões - estão ameaçados pela estiagem e falta de alimentos a preços acessíveis.

Atualmente, segundo as organizações humanitárias internacionais, pessoas esfomeadas estão sendo forçadas a comer folhas e coletar grãos de formigueiros. A situação cruel se repete em diversos países, onde a insegurança alimentar provocada pela estiagem que devastou plantações e provocou a falta de pastagens, água e colheita pobre, estão levando famílias ao desespero na busca por comida.

Com a crise estabelecida e a decorrente alta no preço dos alimentos, muitas famílias estão consumindo a ração que seria destinada ao gado, fato que tem provocado a morte por inanição de muitos animais, inclusive caprinos, que servem como fonte de alimento no consumo do leite e da carne.

Somando-se às perdas na agricultura provocado pelo desequilíbrio climático na região, nuvens de gafanhoto danificaram as árvores frutíferas que mantinham como a principal fonte de renda nas áreas rurais de alguns países, principalmente no Chade, onde a colheita 2009/2010 foi considerada a pior dos últimos anos.

Conforme informações das organizações humanitárias estabelecidas na África Ocidental, a situação é extremamente preocupante e comparável ao caos que enfrentou a Etiópia em 1984, quando cerca de um milhão de pessoas teriam morrido devido à estiagem e à lenta reação da comunidade internacional frente ao quadro dramático.

Enquanto na copa da fartura as disputas são pela posse da bola, vaidade, orgulho, audiência ou por interesses dissimulados, na copa da fome os interesses estão voltados para a luta pela sobrevivência e dignidade.

Enquanto na África do Sul os micro e mega interesses começam a contabilizar os lucros e as vantagens obtidas nas disputas que tem como "pano de fundo" a bola de futebol, na África Ocidental os esfomeados e esquecidos pelos holofotes da mídia e pelos governantes das super potências, começam a contabilizar as perdas e a projetar um futuro próximo de extremas dificuldades se não forem ajudados pelo capital financeiro internacional e pelas pessoas de boa fé de todos os cantos do planeta.

Enquanto na copa que supervaloriza os "classificados" da competência ou da sorte, que passam de fase e garantem temporariamente as suas aparições "na vitrine da fama", como numa cena surrealista, os desclassificados da copa do infortúnio e do esquecimento, desfilam nas secas e tórridas savanas da África Ocidental, as suas "delegações" de famintos que portam bandeiras e faixas que identificam os seus países de origem e respectivos dramas sociais.

  • Mauritânia: atingido pela crise alimentar;
  • Mali: 629 mil pessoas não tem alimentação adequada;
  • Niger: oito milhões de pessoas em risco;
  • Chade: dois milhões de pessoas em risco;
  • Burkina Fasso: partes do país estão em risco;
  • Nigéria: norte do país atingido pela crise alimentar.
Segue-se ao mórbido desfile das delegações africanas, um depoimento e um dramático apelo de Caroline Gluck, representante da OXFAM no Níger: "Ontem vi uma mulher analisando pedregulhos ao lado de uma estrada, tentando achar grãos que poderiam ter caído de caminhões que transportavam ajuda humanitária". E conclui: "A África Ocidental não tem estado no topo da lista de prioridades dos países desenvolvidos. A questão agora é quantos de nós ainda temos que ver morrer até o mundo agir?"

Enquanto isso, na África do Sul, indiferentes ao SOS da África Ocidental, seguem as disputas em todos os níveis de interesses individuais e coletivos, onde cada um tenta garantir o seu "quinhão".

terça-feira, 22 de junho de 2010

Dê atenção às suas tendências!

Dê atenção às suas tendências!

O comportamento é a forma como nos apresentamos socialmente, ou seja, a expressão de nossos sentimentos, emoções e maneira de ser que envolvem nossos atos no cotidiano da vida. O comportamento, portanto, é a nossa imagem projetada no meio sócio-familiar.

Essa imagem, muitas vezes, sem percebermos, carrega consigo tendências ou vícios de comportamento como a leviandade, a criticidade exagerada, o sarcasmo, entre outros defeitos de caráter...

Características pessoais que acabam tornando-se "marca registrada" de nossa personalidade e influenciando na construção de nossa imagem projetada no âmbito das relações humanas.

Não seria problema se essas tendências comportamentais não cristalizassem com o passar do tempo, levando o indivíduo a se tornar um crítico da "própria sombra", ou um sarcástico de assuntos considerados sérios, ou ainda, um observador leviano contumaz...

Tendências ou vícios comportamentais são características individuais que interferem negativamente na evolução do espírito, pois são mecanismos de atuação psíquica, que ao interferirem no fluir do autoconhecimento, impedem que a fé ou a crença se fortaleçam.

O desenvolvimento da autodisciplina é imprescindível no sentido de "combater" tendências ou vícios de comportamento. A autovigilância, quando levada a sério pelo indivíduo que deseja, convictamente, transformar-se moralmente, já é meio caminho andado para uma tomada de atitude renovadora em sua vida.

Libertar-se dos vícios de caráter que nos acompanham há muito tempo, sempre é um desafio espinhoso, mas não impossível de superar quando a firme vontade está associada à perseverança no Bem.

A falta de disciplina inserida na filosofia de vida, assim como a falta do lúdico quando a disciplina é exagerada, causam desequilíbrios na esfera comportamental do indivíduo, com repercussões no âmbito das relações afetivas. No entanto, para que se processe naturalmente a expansão da consciência, não podemos abdicar do senso de auto-responsabilidade como requisito básico para que a autodisciplina seja fator importante na conquista de etapas do autodescobrimento.

Uma mente muito dispersiva, confusa e perdida no hábito-vício da crítica negativa, do sarcasmo ou da observação leviana, representa uma consciência paralisada no seu processo de autoconhecimento.

Toda situação de tendência comportamental exagerada, característica que a pessoa carrega consigo no dia-a-dia e da qual não consegue libertar-se, com repercussões desagradáveis em seus relacionamentos interpessoais, é passível de ajuda psicoterapêutica.

Quando nos encontramos em um labirinto vital com dificuldades de visualizarmos a saída, é momento de prestarmos atenção ao sinal de alerta que nos avisa sobre a necessidade de buscarmos ajuda para que a saída seja encontrada.

Viver - e morrer - com vícios comportamentais que afastam pessoas que poderiam acrescentar, e atraem outras que afinizam conosco, mas que nada acrescentam em termos de crescimento pessoal, é uma perda de tempo para o ser dotado de inteligência e de imensa capacidade de amar e ser amado.

Amadurecimento, como já registramos, implica em disciplina e senso de responsabilidade consigo próprio e com o mundo de relações que nos cerca. Conviver na crítica exagerada ou no sarcasmo como forma sutil e indireta (transferencial) de agressão, é atitude infantil de defesa que exige, no mínimo, reflexão.

Prestar atenção às suas tendências negativas ou vícios comportamentais, é dever de quem pretende amadurecer na esfera de suas emoções e sentimentos não resolvidos.

Hoje, temos a clareza em relação à somatização de doenças, como a úlcera gástrica e o câncer, originadas pelo fato da pessoa ser amarga, crítica e severa consigo mesma, com o outrem e com o mundo.

Não nascemos por acaso e não viemos ao mundo à toa. A nossa estadia na dimensão física tem um significado que transcende em muito as nossas incompreensões e dúvidas a respeito de nossa existência.

Se quisermos crescer com a oportunidade dada, resta-nos perceber o momento vital para encaminharmos as mudanças de atitudes das quais necessitamos. Caso contrário, permaneceremos céticos e indiferentes vendo a vida passar através de nossa limitada visão.

Erradicar vícios comportamentais através de um melhor nível de autoconhecimento é obrigação de quem luta para libertar-se de atávicas acomodações que interferem negativamente no processo de evolução consciencial.

Portanto, estará sempre o ser inteligente diante do maior de seus desafios: tranformar pelo processo de reforma íntima, vícios e tendências negativas em atitudes positivas, enobrecedoras que elevam o espírito.

sábado, 12 de junho de 2010

Estamos valorizando o amor?

Estamos valorizando o amor?

O amor desvirtuado de seu profundo e verdadeiro significado, convive com o homem há milênios. Na Grécia e Roma antigas, por exemplo, já ocorriam entre os poderosos, banquetes regados à bacanais. Em Jerusalem, bem antes de Cristo, já existia a prostituição como forma de renda. E assim por diante...

No entanto, o amor corrompido vem competindo durante todos esses séculos com uma outra forma de amor: o amor romântico, aquele que aposta na conquista pela sensibilidade e honestidade de sentimentos, embora a cultura moderna tenha deformado em parte, a imagem do ideal romântico.

O Dia dos Namorados, portanto, tenta resgatar o romantismo entre seres humanos que se amam, e exaltar o amor como forma de valorização do próprio homem.

Esta data, sobretudo, leva-nos à reflexões sobre o significado do amor em nossas vidas, ou seja, até que ponto estamos dando a devida importância à energia que promove o equilíbrio e a felicidade nas relações humanas? Estamos, suficientemente, valorizando o amor em nossas vidas?

Entre dramas domésticos, tragédias consumadas, declarações apaixonadas, separações e relações (re)assumidas em nome do amor, o Dia dos Namorados representa o "lado bom" do ser humano, pois além de resgatar valores desgastados com a velocidade dos tempos modernos, (re)aproxima pelo vínculo do amor, o indivíduo do outrem.

Em época conturbada no âmbito das relações amorosas, quando os papéis do masculino e do feminino passam por alterações no contexto socio-familiar, o Dia dos Namorados ressurge como um "bálsamo romântico" para que os enamorados de todas as idades repensem a vida a partir da união entre dois seres envolvidos em compromisso de amor.

Dia para refletir a respeito do que motiva as desavenças, os ciumes, os desequilíbrios que tornam muitas pessoas infelizes. Mas também, dia para refletir sobre o que torna outras tantas pessoas equilibradas, felizes e satisfeitas com seus relacionamentos.

Valorizar o amor, a começar pelo namoro, é valorizar a vida. As conquistas de uma vida tornam-se mais valorizadas quando compartilhadas e movidas pela energia da cumplicidade amorosa.

Não deixemos os aprendizados para a próxima vivência na dimensão física. O ser que hoje demonstra estar enamorado de você, pode ser um amor de outra época que retornou para voces trilharem juntos uma nova caminhada.

Caminhada que visa, acima de tudo, o crescimento mútuo, onde o compromisso com o amor assumido é a luz que orienta os seus passos na senda do progresso.

O Dia dos Namorados, portanto, elege a importância do amor diário como fator de evolução tanto material quanto espiritual entre indivíduos que apostam na felicidade possível, as suas expectativas vitais de presente e futuro.

Apesar do avanço tecnológico que elege a máquina como a vedete do tempo presente, o simbolismo da data lembra-nos que não somos robots, mas seres dotados de sensibilidade, emoções e sentimentos. E que a vida no planeta Terra ainda depende das relações humanas fundamentadas no amor.

Para os jovens, o estágio do namoro vincula-os a projetos de vida, expectativas de crescimento, esperança de constituir família, ter filhos, emprego estável... responsabilidades.

Para aqueles nem tão jovens, mas que apesar das diferenças insistem em manter a relação, o dia doze representa a possibilidade de recomeço a partir da ponderação, do diálogo aberto na tentativa de "aparar arestas" e (r)estabelecer o senso de equilíbrio que gera mais amor, um amor amadurecido pelas pequenas ou grandes conquistas mútuas.

Para aqueles que conseguem manter um longo tempo de relacionamento onde a estabilidade e o crescimento superam eventuais crises de relação, a data é lembrada - e comemorada - como uma história de amor que amadureceu com o passar do tempo....

Enfim, o doze de junho, data que comemoramos o Dia dos Namorados, deve ser um dia de reflexão para todos nós, pois refletir sobre a importância do amor em nossas vidas, representa o nível de valorização que damos a si mesmos, ao outrem e ao planeta onde vivenciamos uma intensa relação de amor.