sexta-feira, 19 de março de 2010

Filhos são como passarinhos!



A natureza é pródiga com ele que vem ao mundo como um ser totalmente dependente e carente de atenção e amor, pois reúne, em uma só criaturinha, todos os "ingredientes" para despertar em seus responsáveis diretos, sentimentos necessários para que o vínculo do amor se fortaleça.

Contentes, mas algumas vezes apreensivos, acompanhamos o seu desenvolvimento infantil. Seus primeiros passos têm para nós o significado dos primeiros movimentos para a vida, da preparação do "alçar vôo" em busca da independência futura. As primeiras palavras, "mama", "papa", soam como afinadíssimos violinos na sinfonia da vida.

E as fases, uma após a outra, vão passando. Quando nos damos conta, já estão na adolescência a questionar o mundo à sua volta. Paciência, pai! Paciência, mãe! "Haja paciência!" dizemos para nós mesmos. Quase esquecemos (ou não sabemos) que são apenas espíritos, velhos conhecidos de vivências anteriores tentando entender o que estão fazendo neste mundo que parece-lhes não fazer muito sentido.

E a fase turbulenta da adolescência também passa, pois começam a perceber que os companheiros de jornada, os pais, não serão eternos viventes ao seu lado e que cedo ou tarde as necessidades da vida lhes cobrará responsabilidades e atitudes de crescimento pessoal e consciencial.

No entanto, como passarinhos crescidos, mas não totalmente independentes, vão ficando no ninho que mal cabem, porque ali ainda é o porto seguro para a execução de planos de vôos mais altos rumo à dinâmica da vida.

E de repente, o passarinho começa a bater asas, a exercitar o mecanismo do vôo, embora ainda sinta medo de desligar-se completamente da segurança e do aconchego do ninho. E não mais que de repente, o passarinho cria coragem em relação ao enfrentamento dos riscos de sua ousada atitude... e alça vôo rumo à independência, em direção à liberdade um tanto desconhecida e ainda misteriosa.

Nossos filhos, na verdade, como disse Kalill Gibran: "Não são nossos filhos, são filhos e filhas da vida desejosa de si mesma". Porque, mesmo que tenhamos laços afetivos intensos ou afinidades espirituais, eles são individualidades que devem seguir seus caminhos conforme orientam as suas consciências.

A nossa fase de influência na sua formação termina quando começa a adolescência, porque durante e após este período, eles começam a processar internamente, baseado em traços de caráter que trazem de outras vidas, somado à influência de valores transmitidos pelos pais via educação, o direcionamento para as suas próprias existências.

E essa é a sina do ser humano, é o ciclo vital que direciona-nos para as experiências próprias e únicas em convívio com as demais individualidades. Ninguem é definitivamente de ninguém. Ninguém pertence a ninguém. A liberdade de pensar e agir por conta própria em vôos mais altos ou mais baixos da condição humana, pertence, isso sim, à consciência e, principalmente, às escolhas definidas por cada individualidade.

No entanto, acima de tudo, o amor é a energia que permanece como sentimento de gratidão e de respeito mútuo. É a energia que nos acompanha e que continua a envolver-nos nos eventuais retornos ao aconchego da família novamente reunida. Quando isso acontece, para os pais, é sinal que os passarinhos aprenderam a alçar com segurança vôos altos... e cada vez mais altos!

"No pensamento goza o homem de ilimitada liberdade, pois que não há como pôr-lhe peias. Pode-se-lhe deter o vôo, porém não aniquilá-lo!"
Sobre a liberdade do pensar, em O Livro dos Espíritos.


Psicanalista Clínico e Interdimensional
www.flaviobastos.com

quinta-feira, 11 de março de 2010

Sobre homens, cães e o amor!

Sobre homens, cães e o amor!

"O conhecimento da verdadeira natureza espiritual do homem e de sua responsabilidade, é instrumento poderoso de progresso moral. Talvez o mais eficiente para reduzir o descompasso claramente perceptível entre aquele e o progresso intelectual. Um e outro hão de se aproximar, no dia em que, definitivamente, se compreender que inteligência sem ética é como uma árvore sem flores e sem frutos" (Milton Moreira)

A natureza, a qual pertencemos, é referência para os nossos aprendizados. É no ambiente natural selvagem ou no ambiente doméstico que observamos como vivem outras espécies do reino animal.

Os cães adultos, por exemplo, são organizados e até minuciosos quando se trata da educação de seus filhotes. Quando estes nascem, inicia-se a fase de amamentação associada à hábitos de higiene do ninho, quando a mãe, instintivamente, providencia a higiene de seus filhotes e a limpeza do local onde eles ficam, lambendo as fezes e a urina dos mesmos.

Com o passar do tempo, a amamentação vai cessando, assim como a higiene dos filhotes e a limpeza do ninho. Os cãezinhos, então, passam a imitar a mãe - e o pai - que fazem suas necessidades fisiológicas em locais afastados de onde a família passa a maior parte do tempo.

A partir dos sessenta dias de vida, a mãe praticamente dá como encerrada a sua instintiva missão de educadora, ou seja, os filhotes saem em busca de alimento e entram na fase da "independência" - e da sobrevivência - orientados pelo próprio instinto.

Guardadas as devidas proporções, é óbvio, mais ou menos dessa forma deveria ser a relação entre os humanos durante a fase afeto-aprendizado entre pais e filhos...

Um dia destes, estava observando a relação de uma cadela de rua com os seus filhotes de aproximadamente dois meses de vida, e comparando ao relacionamento da minha cadelinha e seus filhotes que tem o mesmo tempo de vida. A orientação instintiva é a mesma, inclusive o lúdico entre eles é muito semelhante - praticamente igual -, o que difere dos humanos no sentido de uma certa confusão (ou insegurança...) na escolha de valores que fazem parte do processo educativo de nossas crianças.

É curioso... porque a natureza hominal, dotada de inteligência, emoções e sentimentos, costuma complicar-se quando o assunto é "educação dos filhos", enquanto a natureza animal, considerada despossuída de inteligência e razão, segue há milenios um padrão seguro durante a fase em que os filhotes mais precisam de cuidados dos pais.

Outra diferença fundamental entre as duas espécies, é o afeto (ou amor...) que na natureza animal acontece em "doses homeopáticas" e de uma forma equilibrada na relação pais-filhos, enquanto na natureza hominal ou falta amor nessa relação, ou o amor acontece em "doses exageradas"... ou ainda, através de uma relação bem menos comum, que é a harmonia entre relação afetiva e ação educadora.

As diferenças, ao que tudo indica, parecem estar no nível evolutivo das espécies, onde o homem ocuparia o topo da pirâmide natural, o que obrigaria a espécie a evoluir em busca do amor, cujo significado ele ainda desconhece em sua plenitude...

Enquanto esse encontro cósmico não acontece, as complicadas relações de amor do ser inteligente, acabam por sufocar o seu processo de autoconhecimento, porque o amor que é de menos sufoca, e amor que é demais também sufoca. Portanto, o desafio humano é encontrar o amor equilibrado ou o "caminho do meio" que liberta e permite a expansão consciencial através do autodescobrimento.

No entanto, por sermos seres potencialmente diferenciados das demais espécies da natureza terrena, é estranho que tenhamos de aprender com a harmonia nas relações de afeto e de aprendizagem das espécies menos evoluídas do que nós...

Parece-nos que com o passar dos milenios, a inteligência humana em parte "conspira" a nosso favor através da expressão artística, das descobertas científicas, do bom humor e, especialmente, do impressionante avanço tecnológico das últimas décadas. Por outro lado, a inteligência humana conspira contra quando trata-se de associar ciência e transcendência no sentido de explicar o significado da vida sob o prisma das múltiplas vivências do espírito imortal.

É exatamente nesse ponto que diferenciamos de nossos irmãos "irracionais". Precisamos entender que sem o estudo de nossa espiritualidade, pouco saberemos a respeito de nós mesmos e do significado da vida. E, nesse sentido - por enquanto - a nossa inteligência em nada supera a natureza animal no que diz respeito ao instinto de sobrevivência e de perpetuação da espécie...

Necessitamos avançar enquanto sociedade que estimula valores éticos e espirituais nas suas relações humanas, porque é estimulando valores imprescindíveis na educação de nossos filhos, que teremos futuramente, adultos mais saudáveis, felizes e realizados.

Psicoterapeuta Interdimensional

www.flaviobastos.com

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Por que o amor nos consome?

Por que o amor nos consome?

"Evoluir é transformar realidades".

Experenciamos o amor - ou o desamor - nos seus mais diversos níveis de intensidade. Passamos uma vida inteira entre altos e baixos de um sentimento que nos acompanha, seja pela carência ou pelo excesso, e que deixa-nos marcas profundas, "feridas" psíquicas ou agradáveis lembranças que nos trazem sensações de felicidade...

No entanto, porque a busca pelo amor perfeito nos angustia tanto? Por que perseguimos um ideal que nos proporcione "orgasmos" de completude e "gozos" de felicidade?

Justamente porque não conhecemos o caminho do meio entre a experiência do amor caótico e a busca pelo amor que nos proporcione sensação de plenitude. Ou estamos lá embaixo, carentes de algo que ainda não entendemos direito, chamado amor, ou nos encontramos em "ascensão" à procura desse desconhecido que nos complete...

Não conhecemos o "meio-caminho" entre os extremos, porque não paramos a máquina para assimilar os aprendizados de nossas experiências amorosas que nos proporcionam verdadeiras lições de vida. Encontramo-nos, imperceptivelmente, entre o caos e a busca da plenitude...

Somos seres cujas experiências de sofrimento e prazer alternam-se como ondas no oceano da vida. Se não possuímos o conhecimento do capitão dos mares, que com a sua experiência e apurada percepção consegue prever tempestades, contratempos e mudar o rumo de sua nau, salvaguardando a sua integridade física e psíquica, ficamos, indefinidamente, ao sabor dos acontecimentos e imprevistos que povoam o oceano da existência.

Náufragos, estaremos à deriva, perdidos, impotentes, desesperados, conformados com o destino... ou à espera do momento mágico que represente o êxtase do salvamento aguardado...

Somos indivíduos dos extremos, sendo que os altos e baixos não nos levam a lugar algum, somente se repetem como num interminável ciclo vicioso. Geralmente, não aprendemos a lição e repetimos a dose, vida após vida a oscilar nas relações amorosas, em busca de um amor que nos salve da sensação de caos que experenciamos em certos momentos vitais...

O amor nos consome porque não percebemos o caminho do meio onde encontra-se a sensação de equilíbrio, fonte de respostas esclarecedoras que contribuem ao processo de autoconhecimento.

O amor nos consome porque "ele" não encontra-se "fora", mas dentro de nós... no ponto de equilíbrio que precisamos perceber na relação consigo próprio, na relação com o outrem, com o mundo e com o universo...

Charles Chaplin eternizou uma frase que resume o que precisamos aprender sobre o maior dos sentimentos humanos: "Não morre quem deixou de viver, mas quem deixou de amar".

O amor, portanto, é o nosso maior desafio diante do universo. É a chave que abre a consciência humana para o ingresso de informações que devem ser apropriadas por aquele que está em busca de respostas. Chave que abre o coração humano para a entrada da energia que envolve, acalma, pacifica, harmoniza e contagia benéficamente...

Chave que se adquire quando nos apropriamos de um conhecimento imprescindível para a sensação de equilíbro no exercício do amor: o caminho do meio, aprendizado que passa pelas experiências de dor e prazer nas relações amorosas do espírito imortal.

Quando despertamos para a ligação interdimensional do amor, subimos um degrau na escala evolutiva da consciência. Condição que nos permite trilhar o caminho do meio e perceber que o amor é uma energia sutil, indelével, onipresente, fraterna, harmoniosa e eternamente à disposição do homem.

Psicoterapeuta Interdimensional.

www.flaviobastos.com


O ego no palco da vida

O ego no palco da vida


Sigmund Freud salientou a importante relação existente entre o comportamento de um ser humano adulto e certos episódios de sua infância, mas resolveu preencher o considerável hiato entre causa e efeito com atividades ou estados do aparelho mental. Desejos conscientes ou inconscientes ou emoções no adulto representam esses episódios passados e são considerados como responsáveis diretos de seu efeito sobre o comportamento.

No entanto, na visão interdimensional, trazemos de outras vivências traços de caráter que revelam-se no dia a dia da vivência atual, onde o "eu" é a marca registrada que define o indivíduo como sendo um conjunto que reune caráter e personalidade na (inter)ação comportamental. E na relação psíquica que diariamente expressa-se na forma de atitudes, conduta, escolhas, lúcidas e importantes decisões, ou simplesmente atos impensados e até irresponsáveis, o ser vive mais ou menos consciente. Tudo depende do conjunto de valores que moldam o seu caráter, formam a sua personalidade e, como decorrência, influenciam o seu comportamento social.

Portanto, o ego freudiano que é a forma como o indivíduo relaciona-se consigo mesmo e com o mundo à sua volta, significa também o conteúdo psíquico-espiritual que em essência representa a sua identidade sem máscaras, ou seja, a sua verdade sem subterfúgios e transparentemente revelada ao universo.

Nessa contextualização observada através de uma ótica mais ampla do ser, o ego insere-se na vida com uma bagagem e, ao mesmo tempo, com um permanente desafio pela frente: o desafio da mudança, da evolução consciencial mesmo diante de uma realidade dimensional repleta de sedutoras armadilhas psicológicas.

Nas origens da psicanálise, a maior preocupação de Freud ao denominar as instâncias da personalidade, foi estabelecer através da técnica psicanalítica uma forma de trazer para o foco da autopercepção, da lucidez e do centramento baseado no senso de realidade, o ego que encontra-se desarmonizado. E essa técnica é válida até hoje como básica, já que a dimensão da materialidade em que nos encontramos é uma certeza, e sendo assim, não pode ser subestimada ou negligenciada enquanto proposta terapêutica, porque o ego também representa a forma como o espírito sente-se "enraizado" nesse contexto transitório, porém palpável e real, chamado realidade física. Sendo, por esse motivo, responsável pelas manifestações humanas de equilíbrio e de desequilíbrio. Em suma: é o mal e o bem internalizados que por intermédio de mecanismos psíquico-espirituais direcionam o comportamento humano.

Por isso, a existência entre nós, da tirania e da benevolência, do egoísmo e do sentimento de amor ao próximo, do orgulho e da simplicidade. Extremos humanos que caracterizam e definem o perfil psico-espiritual do indivíduo inserido em sua longa história de vivências em que o ego tem sido sempre o principal personagem no palco da vida.

O ego, portanto, não deve ser subestimado na investigação do inconsciente humano, pois expressa a síntese do que somos na relação do que viemos sendo. O que deve mudar é a visão de sua contextualização, uma vez que a abrangência de sua análise transcende ao nível dimensional do "aqui-agora" e passa ao âmbito multidimensional com relações que representam a sua natureza interdimensional de múltiplas vivências.

Sabemos que quanto mais evoluimos espiritualmente, mais desapegamos do ego. Porém, esse processo é lento e requer do indivíduo mudanças de atitudes perante a vida, onde a consciência torna-se o instrumento responsável pelo desafio de desbravar o difícil caminho do autoconhecimento que o levará em algum momento de sua existência, a desatar os nós que históricamente o mantém preso às armadilhas do inconsciente.

Psicanalista Clínico e Interdimensional.
www.flaviobastos.com


Timidez e preconceito

Timidez e preconceito



"A timidez, inesgotável origem de tantas infelicidades na vida prática, é a causa direta, mesmo única, de toda a riqueza interior" (Emil Cioran)

Não seria um exagero afirmarmos que existe entre nós uma espécie de "ditadura da extroversão", fenômeno gerado pelo fato de priorizarmos, a partir da educação infantil, valores materialistas que combinam com os valores da sociedade de consumo na qual estamos todos inseridos. Porém, este artigo não tem a intenção de aprofundar no sentido sociológico ou psicológico desta questão e, sim, possibilitar ao leitor que faça a sua reflexão a respeito do tema em análise.

Esta abordagem é baseada em uma realidade social: a existência de pessoas consideradas tímidas ou retraídas que geralmente procuram no atendimento psicoterapêutico, a razão de se sentirem diferentes ou à parte de um modelo comportamental vigente na sociedade, que foca na extroversão, o traço de personalidade ideal para que o indivíduo vença na vida...

No entanto, na intimidade dos consultórios, percebemos que essas pessoas catalogadas como "introvertidas" pela ótica de valores da produção e do lucro, possuem em sua maioria, potencialidade intelectual e criativa que permanece latente, ou seja, à espera de uma oportunidade de serem compreendidas e aceitas no "mundo dos extrovertidos". Na verdade, são indivíduos estigmatizados - e sutilmente discriminados - por um modelo sócio-comportamental que exige da pessoa, a "marca da extroversão na testa" como condição básica para conseguir sucesso na vida...

Ledo engano! Há milhares de anos, o homem persegue a fórmula do equilíbrio vital, que não está nos extremos, mas no meio de forças antagônicas que ao se aproximarem, se completam. Há séculos, as ricas culturas religiosas da India e da China dominam esse conhecimento, que somente a partir do Terceiro Milênio começa a difundir-se no mundo ocidental como nova diretriz para o processo de autoconhecimento do indivíduo.

O que seria da humanidade se existissem somente indivíduos extrovertidos ou introvertidos? Certamente , haveria entre nós, seres dotados de inteligência, um desequilíbrio de proporções desconhecidas ou inimagináveis, que teria repercussão no âmbito social e alterado completamente os estudos sobre a natureza humana baseada em sua heterogeneidade comportamental.

O Dicionário da Lingua Portuguesa, define o termo "preconceito" como uma idéia preconceituosa, em geral sem fundamento; intolerância. O mesmo dicionario define o indivíduo "tímido" como aquele que tem temor, receio ou que apresenta dificuldade de relacionamento social. E completa com sinônimos: "acanhado, retraído, débil, frouxo".

Se considerarmos as suas características comportamentais, o tímido é um indivíduo "introvertido", ou seja, voltado para dentro de si ou para a própria vida interior, ou ainda, uma pessoa "introspectiva" que tem o hábito de examinar os próprios pensamentos e sentimentos.

Pelo mesmo ângulo de análise do comportamento humano, temos o antônimo de introversão, que é a pessoa considerada "extrovertida", de fácil relacionamento social, comunicativa, expansiva e que por isso, expressa mais seus pensamentos e sentimentos...

Se entre nós houvesse a predominância absoluta de um desses dois traços de personalidade individual humana, perderíamos, com a inexistência de indivíduos extrovertidos, parte de nossa capacidade criativa aplicada nas grandes realizações e descobertas, assim como grande parte do entusiasmo que move o progresso material dos povos através de iniciativas pessoais nos âmbitos social, econômico, político e científico de uma maneira geral. E com a falta de indivíduos introvertidos, a humanidade perderia a sua capacidade de interiorização filosófica, científica - através da pesquisa e investigação -, e transcendental-religiosa, o que tornaria o homem mais dependente do imediatismo decorrente de seus pensamentos, emoções e sentimentos.

Portanto, a timidez - ou introversão - não leva consigo o "atestado" da impotência ou da doença,e, sim, um traço de personalidade passível de mudança no sentido de que o indivíduo busque uma melhor conexão com a expansividade natural que a vida lhe oferece. O mesmo raciocínio aplica-se à extroversão como um traço de personalidade em que o extrovertido também deve buscar uma melhor conexão com a capacidade de interiorização que a vida costuma oferecer...

A partir do Terceiro Milênio, gradualmente, o comportamento humano começa a sofrer alterações, e o equilíbrio comportamental entre a capacidade criativa do extrovertido e a capacidade reflexiva do introvertido, torna-se referência para aqueles que desejam evoluir e mudar seus conceitos - e preconceitos - baseados em modelos sócio-culturais. Vejamos o exemplo dos Estados Unidos e da India, embora essa nação seja considerada emergente na avaliação do modelo capitalista. São realidades distintas, isto é, E.U.A a meca do capitalismo e de valores materialistas, e a India, referência mundial de religiosidade e de valores espiritualistas. E dessa forma, entre o oriente e o ocidente, teríamos vários exemplos a registrar...

Quando percebermos o preconceito gerado pela introjeção de valores materialistas que incidem sobre a distinção que fazemos entre uma pessoa considerada extrovertida, portanto aberta, expansiva e comunicativa, e outra, considerada introvertida, portanto "frouxa, retraída e débil", conforme sinônimos encontrados no dicionario, verificaremos, que através de imperceptíveis valores culturais internalizados, sutilmente discriminamos o traço tímido-introvertido de personalidade que deveria coexistir em harmonia com o tipo expansivo-extrovertido.

Informa-nos um dito popular "que na natureza humana os extremos se completam". É justamente esse olhar... essa percepção que precisamos aguçar para entendermos que introversão e extroversão completam-se no centro, isto é, no ponto de encontro de suas diferenças fundamentais. E que, independente do paradígma materialista que ofusca a nossa visão interdimensional, devemos sair em busca desse ponto de equilíbrio até atingirmos a completude e felicidade possível.

Em relação ao comportamento humano, talvez esse seja o nosso maior desafio do Terceiro Milênio: encontrar a unidade entre os polos energéticos que predominam na natureza humana. E a partir desse processo íntimo, cada indivíduo, seja ele reservado ou expansivo, caminhar ao encontro daquilo que lhe falta no atual momento de sua existência terrena, porque tudo é aprendizado e jamais aprenderemos se não sairmos em busca do que precisamos para transformar a si mesmo e ao mundo em que vivemos.

Psicanalista Clínico e Interdimensional.

www.flaviobastos.com

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Atração masculina


"O que as mulheres fariam sem os homens? Domesticariam outro animal" (autoria desconhecida)

Há décadas a ciência investiga as origens dos mecanismos da sedução masculina, e atualmente, a mesma pergunta permanece a instigar os pesquisadores: "O que está por trás do perfil de homem ideal, eleito por determinada mulher?"

Sigmund Freud, considerado o pai da psicanálise, deu a sua contribuição ao afirmar que o parceiro é escolhido conforme traços físicos, fisionômicos - e de caráter - da figura referencial masculina mais importante da infância da mulher. O que quer dizer: seu pai biológico ou substituto.

Pesquisas recentes informam que o segredo da atração masculina está na largura do rosto. Conforme paleontólogos do Museu de História natural, em Londres, as dimensões da região entre a boca e a sobrancelha são cruciais para determinar o grau de atração do homem para o sexo oposto.

Os cientistas examinaram medidas dos crânios de 68 homens e 53 mulheres da Universidade de Witwaterstrand, na Africa do Sul, e concluiram que os homens com mandíbulas e sobrancelhas largas e maças do rosto acentuadas apresentam aparências mais masculinas, que seriam mais atraentes para as mulheres.

Um estudo da Universidade da Califórnia revelou que para as mulheres nada se compara ao cheiro de um homem. O estudo prova que o odor liberado pelos homens influencia o humor, a excitação sexual e cerebral do sexo feminino: "De acordo com esta investigação, mulheres cujo olfato foi submetido a uma substância presente no suor masculino apresentaram elevados níveis hormonais ligados à sexualidade, intensificaram a libido e exibiram um rítmo cardíaco acelerado. Ao sentir o cheiro dos pré-harmona, as mulheres estudadas demoraram até cerca de 15 minutos para manifestar os sintomas, que permaneceram ativos durante mais de uma hora".

A realidade, segundo a pesquisa, é que o suor masculino funciona como um afrodisíaco para atrair o sexo oposto. O "androtesnodiona", o feromônio que é encontrado no suor dos homens e, como aditivo, em numerosos perfumes e loções, bastam para incrementar os níveis de cortisol, um hormônio relacionado com o estresse e também com o estímulo sexual das mulheres. A pesquisa indica que os humanos, assim como os ratos, as borboletas e as mariposas, por exemplo, segregam um cheiro que afeta o sexo oposto.

Outra pesquisa, também recente, revela que as mulheres, inconscientemente, selecionam seus parceiros conforme avaliação do estado geral de saúde dos mesmos, ou seja, homens saudáveis, fortes, tem a tendência de gerar filhos com as mesmas características biológicas do pai. E a partir desta "seleção natural" ocorrem as escolhas...

COMENTARIO

No entanto, o que em parte a ciência ainda negligencia, é a atração de origem espiritual que existe entre os seres humanos. E essa energia passa pela longa história de sucessivas vidas do espírito encarnado em um corpo físico.

Nesse sentido, muitas foram as paixões do espírito que veio, vida após vida no corpo de uma mulher. Experiências passionais com o sexo oposto que deixaram-lhe marcas, registros em sua memória extracerebral, como tipo físico e traços fisonômicos preferenciais, além de traços de caráter, odores dos parceiros e energias trocadas nas relações sexuais, contribui, e muito, na forma da mulher atual, inconscientemente, fazer a sua escolha do tipo masculino que mais lhe agrada.

Por exemplo: se em uma vida passada, uma mulher teve uma relação passional intensa com um homem que tinha um determinado perfil, essas informações ficam registradas em seu inconsciente e farão parte de um conjunto de dados que será essencial no momento da escolha do parceiro ideal na vida presente.

Essa constatação é o resultado de uma experiência pessoal baseada na coerência científica e fundamentada em dezenas - talvez centenas - de regressões com mulheres que apresentaram problemas de relacionamento com o sexo oposto, pelo simples fato de terem reprimido as manifestações da libido no momento da escolha do parceiro. Ocorrendo, dessa forma, um bloqueio em relação ao que o inconsciente informava sobre as suas preferências masculinas...

Portanto, a coerência científica encontra-se na relação da escolha feminina estar baseada numa série de fatores inconscientes - e conscientes -, que começa nos registros de vidas passadas e termina nos registros da vida atual que, como vimos, passa pela psicanálise de Freud, pela Biologia, Química e pela Paleontologia. Esse conjunto de informações que perde-se na bruma do tempo, é o responsável pela busca daquilo que é inerente à natureza feminina: a satisfação pelo exercício do amor manifestado em suas diversas formas.

Contudo, a atração entre os seres humanos transcende a energia de manifestação físico-sexual que são indispensáveis complementos para uma vida a dois. É quando atingimos o climax através do desenvolvimento da atração espiritual. E nesse sentido, o de transcendermos além do gozo proporcionado pelas relações de nível físico, o Brahma Kumaris, através de sua visão budista passa-nos uma interessante receita de vida: "Quando você tem mente e coração limpos e consegue liderar pelo exemplo, esse poder se manifesta através das vibrações positivas que você emana. A partir daí as pessoas que estão ao redor se inspiram e seguem na direção positiva que você escolheu. Como resultado, cresce a rede daqueles que olham para dentro a fim de mudar. Se você tem amor pela honestidade, será esta qualidade que as pessoas apreciarão. Elas irão até você por isso. Se no mundo físico são os opostos que se atraem, na dimensão espiritual são os semelhantes que se juntam".

Cresçamos em busca da completude fundamentada na energia do amor que flui intensamente entre seres que se amam. Basta, para isso, não reprimirmos o que é inerente em nós e que pede passagem para expressar-se em forma de energia equilibrada. Inclusive, a energia de atração espiritual que independe do sexo.

sábado, 29 de agosto de 2009

Psicose e vidas passadas



A psicanálise, através de sua visão psicodinâmica, informa-nos sobre a existência de três grandes estruturas do inconsciente humano: as neuroses, as perversões e as psicoses, sendo esta última, um estado de confusão mental acompanhada de delírios e alucinações, sendo as auditivas (ouvir vozes) as mais comuns. A psicose, portanto, vem a ser um desmoronamento do mundo simbólico e de sua relação com a realidade consensual.

No entanto, como a tendência atual é de uma perspectiva interdisciplinar no sentido do tratamento das consideradas "doenças mentais", o Dr. Mario Sergio Silveira, em entrevista concedida à Érika Silveira (Revista Cristã do Espiritismo - n° 27), através de uma ótica espiritual, define a psicose como "a impossibilidade de construir uma personalidade, um eu atual, em razão da predominância das subpersonalidades anteriores, ainda presas aos dramas ocorridos em outros tempos, incluindo também os demais co-participantes que não se libertaram pelo benefício que somente o perdão poderia proporcionar. Deste modo, o ego, esta instância psíquica responsável pela noção de identidade e pelo critério de realidade, não pode operar, uma vez que não se constituiu, ficou com um "defeito" que chamamos "preclusão". Como a vivência da realidade é função do estado de consciência (postulado transpessoal), o ser fica a mercê da invasão de outras vivências de realidade. E aí estamos na experiência psicótica", conclui.

Em relação a recursos médicos e espirituais para evitar ou minimizar um quadro psicótico, Mario Sérgio lembra-nos "que a prevenção primária depende da evolução moral da humanidade". E, a respeito da importância do exercício consciente da maternidade e da paternidade, completa: "Quando pais mais equilibrados recebem em família espíritos em desajuste, maiores são as chances de recuperação, pois estes espíritos desajustados têm mais possibilidades de construirem uma nova personalidade sadia".

No sentido de "minimizar" um quadro psicótico, ou seja, tratar, terapeutizar, ele entende que o avanço psicofarmacológico associado às antigas e novas psicoterapias, assim como a terapia ocupacional, as terapias complementares e os centros espíritas e os centros de umbanda - na dimensão espiritual - são opções de profilaxia e tratamento.

Sobre a psicose sendo tratada através de uma visão interdisciplinar no Hospital Espírita Bom Retiro, de Curitiba, o Dr. Mario Sérgio relata-nos o caso de uma menina de 14 anos, com o diagnóstico de hebrefenia, que, conforme a psicanálise, é a perda do mundo objetivo ou de todo interesse, onde o ego não realiza atividade alguma com a finalidade de "defender-se", onde recai no passado refugiando-se nos tipos infantis de receptividade passiva, talvez intra-uterinos e de existência mais ou menos vegetativa: "Ela chegou no hospital muito prostrada, afeto embotado, confusão mental, ouvindo vozes, apresentando grande dificuldade de contato. Foi medicada com psicofarmacos, estimulada a participar de atividades terapêuticas, porém pouco respondia. Seu nome foi incluído no SAE - Serviço de Atendimento Espiritual. No grupo de desobsessão, foi atendida em desdobramento (projeção), o que facilitou muito o contato, pois adquiria maior consciência. Assim, nós soubemos que o tio que a abusou sexualmente, tendo desencadeado seu surto, tinha sido seu marido numa outra existência, quando em estado de embriaguês a matou. O próprio tio, em desdobramento, admitiu que preferia não ter nenhum parentesco, pois a desejava como mulher. Soubemos, também, que o obsessor, desafeto de outra existência, planejou sua vingança agindo sobre seus centros nervosos, de modo a embaralhar suas memórias de vidas passadas, como um arquivo que tivesse suas fichas todas misturadas".

E no seguimento de seu relato de caso, Mario Sergio conclui: "Felizmente, tivemos a oportunidade de ajudá-la a acessar estas memórias, revivendo-as e "fechando estas portas", uma a uma, num total de quatro encarnações. O obsessor foi afastado para tratamento e a equipe espiritual relatou a realização de uma espécie de cirurgia nos tecidos sutis de seu perispírito, reconstituindo o "buraco" que havia sido aberto pela ação espiritual. Não é preciso dizer que sua melhora foi surpreendente para os parâmetros da psiquiatria".

Em relação a outros casos atendidos no mesmo hospital, subjetivamente, Silveira refere-se ao núcleo "família" como importante fator de evolução ou, como é o enfoque, de desencadeamento de situações conflitantes que dizem respeito ao pretérito: "Em outros casos, encontramos, através do desdobramento, personalidades de outras encarnações que se recusam a aceitar o novo corpo, a família atual, geralmente composta de desafetos de outras existências, e também a condição social que ora se encontram. São almas orgulhosas, arrogantes que não desejavam reencarnar e passar pela experiência retificadora. Provavelmente, se trata de reencarnações compulsórias".

Para finalizarmos, O Dr. Mario Sergio responde sobre qual o tratamento mais adequado para o paciente psicótico: "O tratamento adequado é interdisciplinar, no mínimo. No Hospital Espírita Bom Retiro caminhamos rumo a transdisciplinariedade, numa visão bio-psico-sóciocultural e espiritual, onde o espiritual ocupa o centro de integração dos diversos saberes, das diversas disciplinas e especialidades. Precisamos superar a divisão, a compartimentalização, caminhando para uma visão integral. Precisamos abandonar o formalismo, seja científico, filosófico ou religioso. Em suma, o tratamento médico, psicoterápico, ocupacional, familiar, energético e espiritual, de forma integrada".

MENSAGEM:
"É necessário que confiemos que todos nós temos um Eu Divino, onde mora a saúde, a paz e principalmente o amor que tudo equilibra, dentro de um tempo que é transitório e diante da vida que é eterna. A tarefa desta encarnação é a de nos reencontrarmos com o nosso verdadeiro Eu, ainda encoberto pela sombra de nossos enganos na caminhada evolutiva".
*Mario Sérgio Silveira